A estatal já havia anunciado que deixaria o Estado após a venda de sua participação nas 22 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas localizadas na Bacia Potiguar. A negociação feita com a empresa 3R Potiguar, subsidiária integral da 3R Petroleum Óleo e gás, rendeu US$ 1,38 bilhão. Além das concessões e suas instalações de produção, está inclusa na transação a estrutura de refino integrada ao processo de produção de óleo e gás, composta pela Refinaria Clara Camarão, localizada em Guamaré (RN), com capacidade instalada de refino de 39.600 bpd.
Os anúncios do presidente, contrários ao previsto, foram feitos durante encontro realizado na sede da unidade regional da estatal em Natal, com a governadora Fátima Bezerra (PT). “Neste novo governo vamos retomar os investimentos e, além de manter as áreas de prospecção, produção, refino e comercialização, vamos acrescentar atividades de energias renováveis que serão sediadas em Natal. A Petrobras não vai sair do RN”, afirmou Jean Paul Prates.
O plano dele é transformar o estado na sede das atividades de Energias Renováveis da estatal. “Vamos fortemente para o offshore eólico. Vamos ser o líder do offshore eólico do Brasil. A sede do offshore eólico da Petrobras vai ser aqui no Rio Grande do Norte. Quem quiser vim conversar sobre eólica com a Petrobras terá que vim a Natal”, enfatizou.
A sede em Natal, segundo ele, passaria por alienação já que as atividades estariam encerradas. “Mas isto muda agora, com o novo Governo federal e a nova direção da companhia”, afirmou.
O detalhamento de como as operações da estatal serão mantidas no Estado e o fortalecimento das ações no mercado offshore ainda não foram reveladas.
A reunião contou também com o vice-governador Walter Alves, secretários estaduais, como Jaime Calado, do Desenvolvimento Econômico e Marina Melo, presidente da Potigás; além de deputados estaduais. Da Petrobras, o gerente da Unidade de Negócios no RN e CE (UN-RNCE), Marcelo Nóbrega e o gerente executivo de terra e águas rasas, Pedro Marinho, também estavam lá.
A governadora Fátima Bezerra comemorou a decisão da estatal permanecer operando no Estado. “Vejo esta decisão como responsabilidade social da empresa, oportunidade de aproveitar o imenso potencial que o Estado possui, que ainda é vantajoso para petróleo e gás com a exploração do campo de Pitu e, principalmente, nas energias renováveis on e offshore e hidrogênio e amônia verdes”, afirmou.
Ela solicitou que a Petrobras coloque em pauta a exploração do campo de Pitu, no litoral norte do Estado, com a perfuração de poços em águas profundas e superprofundas e o retorno do fornecimento de gás à Potigás.
Com a confirmação da continuidade da Petrobras no RN, Fátima decidiu reativar o comitê de trabalho formado por técnicos do Estado e da petrolífera para superar entraves e viabilizar processos e investimentos. “O comitê estava parado por falta de interesse da Petrobras. Agora vamos retomar os trabalhos e fomentar o desenvolvimento econômico e social com geração de riqueza, inclusive no processo de transição energética que favorece o RN por ter as melhores condições sol e vento do mundo”, disse ela.
Transferência de funcionários está suspensa
Jean Paul Prates também participou de evento com os empregados da Petrobras no Estado e reforçou a importância do Rio Grande do Norte. Ele ainda anunciou a suspensão do processo de transferência de pessoal da unidade da Petrobras no RN para outros Estados.
“As transferências estão suspensas. Os funcionários e suas famílias podem ficar tranqüilos. A Petrobras vai continuar operando no Rio Grande do Norte, onde está há 50 anos, e vai ampliar os investimentos aqui”, declarou. A alocação dos empregados atenderá as necessidades do planejamento de atividades para a unidade.
Depois do encerramento das atividades da petrolífera no Estado, cerca de 500 trabalhadores do Polo Potiguar aguardam transferência para unidades de outros estados, de acordo com o Sindicato de Petroleiros e Petroleiras do RN (Sindipetro).
Ao todo, o Polo Potiguar abrigava 2.800 funcionários, dos quais 2.300 já foram transferidos. O sindicato reclama da falta de transparência nas alocações de funcionários e diz que o processo tocado pela Petrobras está beneficiando gestores e cargos mais altos, que acabam escolhendo destinos conforme a preferência. Os petroleiros foram remanejados para estados como Ceará, Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. A grande maioria foi trabalhar nas plataformas do pré-sal.
“A categoria hoje reivindica a suspensão imediata desse plano de transferência e a revisão da saída da Petrobras do nosso Estado. Nós queremos que a Petrobras cancele a saída e se mantenha aqui no nosso Estado. Fizemos um ofício e mandamos para a Petrobras e o Ministério de Minas e Energias com esse pleito”, destacou Pedro Lúcio, secretário-geral do Sindipetro.
Quanto a isso, a governadora Fátima Bezerra avaliou que essa decisão representa “respeito ao servidor que é o maior patrimônio que a Petrobras tem, por que foram eles e elas que fizeram a grandeza da empresa”. Ela também destacou o caráter estratégico e estruturante para o país, estados e municípios da companhia na promoção do desenvolvimento gerando milhares de empregos.
Relembre
Quando anunciou a intenção de deixar o RN em agosto de 2020, a Petrobras reforçou que o foco de atuação era a produção em águas profundas, deixando assim os campos maduros. Em comunicado, a companhia informou na ocasião que a “operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultra profundas, onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos”.
Segundo a Petrobras, a produção média do Polo Potiguar de janeiro a junho de 2020 foi de aproximadamente 23 mil barris de óleo por dia (bpd) e 124 mil m³/dia de gás natural.
Um ano depois, a 3R Petroleum divulgou que a celebração da transação estava sujeita ao sucesso das negociações, além das aprovações corporativas necessárias e da anuência dos órgãos reguladores competentes. A venda foi assinada em janeiro do ano passado por US$ 1,38 bilhão – valores superiores a R$ 7 bilhões na conversão direta – para a empresa 3R Petroleum Óleo e Gás S.A.
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda da totalidade de sua participação. A empresa pagou US$ 110 milhões no momento da assinatura e se comprometeu a quitar mais US$ 1,04 bilhão no fechamento da operação, além do pagamento de US$ 235 milhões de forma parcelada até 2027.
A 3R Petroleum afirma que está pronta para assumir a operação, prevista para acontecer no primeiro semestre deste ano e considera as operações no Rio Grande do Norte “estratégicas para o plano de negócios da Companhia, que prevê a extensão da vida útil das concessões adquiridas no estado, bem como um intenso ciclo de investimentos para os próximos dez anos de operação.”
Tribuna do Norte
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