sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Para Comemorar o Dia Nacional da Juventude veja Artigo inscrito por nós: Juventude e Sucessão Rural, Desafios do Movimento Sindical.





Jocelino Dantas Batista - Secretário Estadual de Juventude da Central Única dos Trabalhadores do RN; Integrante da Comissão Estadual de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte - FETARN; Coordenador do Setorial Agrário do Partido dos Trabalhadores - PT/RN e Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jandaíra/RN



Segundo dados da Pesquisa “A voz do (a) adolescente e jovem rural” realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG com o apoio do UNICEF, 49,2% dos (as) jovens entrevistados (as) nunca foram ao cinema, e 31,6% só foram uma vez. 63,9% dos (as) jovens nunca foram a um teatro, e 23,2% só foram uma vez.

A maioria dos (as) entrevistados não tinham completado o ensino fundamental, ou seja, 52,2% dos (as) entrevistados, 37,8% estavam fazendo ensino médio ou já tinha completado, 8,4% ensino fundamental completo e 1,6% estavam cursando ensino superior.
Em relação ao mundo do trabalho 37,9% dos (as) entrevistados (as) já tinha saído de suas cidades para procurar empregos melhores. Isso justifica ainda hoje a presença forte da migração populacional do campo para as cidades.

56,1% dos (as) jovens entrevistados (as) afirmaram ter começado a trabalhar a partir dos 10 anos de idade.

Outro víeis que preocupa até hoje é que 29,8% dos jovens que responderam já tinham sofrido algum tipo de violência na rua, sendo que as formas de violência mais frequentes são as agressões físicas, chama a atenção o fato de que 5,5% já tinham sofrido abuso sexual.

Os dados acima indicam a juventude como um segmento altamente penalizado pela situação social histórica de nosso País tanto no campo quanto na cidade.

O Principal desafio do Movimento Sindical e em especial da Central Única dos Trabalhadores - CUT é criar instrumentos democráticos e participativos de formulação e gestão de políticas para o campo envolvendo cada vez mais a juventude.

Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) várias pesquisas destacam que os principais motivos que levam a saída dos (as) jovens do campo estão na falta de oportunidades de trabalho remunerado; falta de educação de melhor qualidade; dificuldades da vida no meio rural e na atividade agrícola, como ausência de férias, falta de fins de semana livres, falta de horários regulares de trabalho, limitações de ordem financeira da família que muitas vezes não lhes permitem custear a compra de vestuários e transporte para ir a cidade, dificuldades de acesso à escola (longas distâncias, falta de transporte ou precárias condições de estradas), desinteresse pelo estudo, pois os conteúdos das disciplinas não estão adaptados à sua realidade rural, Além do ensino precário, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, o esforço físico que a atividade agrícola de baixa ou nula tecnologia requer.
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Muitas pesquisas sobre juventude rural revelam a predominância de jovens mulheres entre os emigrantes das áreas rurais o que tem levado a masculinização de algumas regiões rurais do país.

O desafio é que devemos repensar as relações sociais no campo e em especial na agricultura familiar. Pois do contrario o campo cada dia vai se esvaziando e a agricultura familiar perdendo sua força econômica e produtiva.

No processo sucessório da agricultura familiar é comum que a herança da terra fique nas mãos do filho levando a exclusão das jovens mulheres.

As mulheres só herdam a terra se na família não tiver filho homem. Este fato tem motivado muitas jovens a buscarem uma outra vida no trabalho fora de casa ou no casamento.

Esse problema de herança tem contribuído para que muitas jovens invistam mais no estudo do que os rapazes. Hoje várias pesquisas apontam que as moças investem mais na educação formal que os rapazes.

O movimento sindical tendo como referencial a Central Única dos Trabalhadores – CUT deve assumir um papel preponderante diante os fatos aqui apresentados, propondo e debatendo políticas públicas que gerem oportunidades de desenvolvimento profissional e humana para que a juventude fique no campo e em especial fiquem na agricultura familiar, com qualidade de vida digna.

A construção de políticas públicas de juventude vem dando a visibilidade das demandas da juventude. Mas é importante tratar a juventude não enquanto um problema, mas como sujeito de direito e agente estratégico de desenvolvimento social.

As políticas públicas de juventude se caracterizam por atender especificamente as demandas da juventude, temos exemplos como o Pronaf - jovem, o Crédito Fundiário “Nossa primeira terra”, o Consórcio Social da Juventude (Pro - Jovem), o PRO-UNI, mais recente o Plano Nacional de Banda Larga - PNBL e outros.

Nesse aspecto, é importante destacar conquistas de nossa luta a criação da Secretaria Nacional de Juventude, o Conselho Nacional de Juventude, mais recente o espaço de juventude dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA enquanto espaços de elaboração e implementação de políticas públicas de juventude. 

A construção de políticas públicas de juventude só está iniciando e está sendo possível graças à força organizativa da juventude brasileira.

No MSTTR atualmente destacamos Secretaria Nacional de Jovens Trabalhadores (as) Rurais na Contag e as Secretarias ou as Coordenações Estaduais de Jovens nas Fetags e as Coordenações das Comissões Municipais de Jovens na maioria de nossos Sindicatos.

Na CUT se destaca a criação das Secretarias Estaduais e a Secretaria Nacional de Juventude através de deliberação de nosso ultimo Congresso, com seus coletivos organizados em quase todos os estados e o Coletivo Nacional de Juventude.

O desafio de todo Movimento Sindical e a CUT é investir ainda mais no aperfeiçoamento da organização política da juventude. Com isso, estaremos construindo no presente um futuro melhor para homens e mulheres do campo e da cidade, onde teremos a certeza de que haverá sucessão rural de fato, dando direito de nossos jovens de ter a opção de escolha entre o ficar e sair, mas não a obrigação de ir embora por não ter os direitos e o acesso da quilo que sempre nos foi negado.


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