quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ministro irá rever projeto de irrigação da Chapada do Apodi


O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, se comprometeu, a pedido das entidades que compõem o Fórum do Campo Potiguar (Focampo), em rever o projeto de irrigação da Chapada do Apodi. 

A obra, de cerca de R$ 200 milhões, representa um forteimpacto para a região, inclusive no que diz respeito a desapropriação de dezenas de famílias. 

O mandato de Fátima Bezerra vem acompanhando de perto a discussão. “É um projeto de ampla magnitude, e por isso está correta adisposição do ministro em considerar todas as partes envolvidas”, disse adeputada federal, que esteve presente na reunião. “Vamos construir um caminhode consenso”.

Também acompanharam o encontro a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), o vice-governador e secretário de Recursos Hídricos, Robinson Faria, o ministro da Previdência, Garbialdi Alves (PMDB) e o deputado estadual Fernando Mineiro (PT).

Um comentário:

  1. Parabéns às lideranças do Rio Grande do Norte que tiveram o bom senso de sentar à mesa com todas as partes afetadas pelo Projeto de Irrigação do Apodi. Não conheço o projeto executivo de irrigação. Nem mesmo sei se ele existe, pois o que tem sido apresentado são idéias gerais que parecem seguir a mesma concepção dos grandes projetos de irrigação pública já existentes no Rio Grande do Norte. As experiências dos Projetos Baixo Açu, Itans-Sabugi, Cruzeta e Pau dos Ferros não recomendam repetir a mesma concepção. Todos estão paralisados ou funcionando com muita dificuldade. Muitas são as explicações para esss dficuldades. Todavia, a mais importante delas, a meu ver, diz respeito à subordinação da agricultura à indústria, à inexistência de autonomia dos agricultores, e à formação de verdadeiros enclaves, sem efeitos comprovados na promoção do desenvolvimento local. A Região do Apodi tem uma experiência riquíssima de agricultura adequada ao semi-árido, baseada no desenvolvimento da apicultura, da cajucultura e da caprinocultura. Tais atividades vêm demonstrando ser economicamenter viáveis, ambientalmente corretas, compatíveis com a cultura local, e socialmente geradoras de empregos e renda para centenas de famílias hoje organizadas sob a formas de redes institucionais formadas por grupos de agricultores, associações comunitárias, cooperativas e instituições governamentais e não-governamentais que tanto garantem autonomia alimentar quanto inserção nos mercados interno, internacional e institucional. Plantas que antes eram consideradas invasoras ou ervas daninhas, como maniçoba, velame, cabelo de velho, catingueira, pau branco, sabiá, jitirana, jurema de imbira, unha de gato e catanduva, agora são reconhecidas pelo seu potencial melífero e pela possibilidade de contribuir para a preservação da flora e da fauna e para a garantia de seguidas floradas e colheitas de mel de abelha de qualidade muito superior aos produzidos em outras regiões do país.
    Portanto, nos dias atuais a implantação de um projeto de irrigação não pode ser feita no sistema de "cima para baixo", sem considerar o conhecimento acumulado pela população na prática de atividades agropecuárias compatíveis com a realidade do semi-árido.
    A alternativa de bombeamento da água para cima da Chapada, é apenas uma alternativa. Talvez a mais cara de todas. Será a mais eficiente? Serra Negra do Norte, por exemplo, optou por uma barragem-mãe, seguida por barragens sucessivas locaizadas a jusante, que hoje fornecem água para a prática de uma irrigação compatível com a cultura local. Baraúna irriga a partir de poços rasos. O que nos ensinam essas experiências? Por que temos que partir sempre para uma única experiência sem discutir as alternativas, as propostas e o conhecimento locais?
    A realidade mudou! E o passo número 1 para nela intervir é construir políticas públicas consensuadas, posto que esta ainda é a melhor forma de solucionar conflitos! O custo da coerção e das soluções impostas, a história já mostrou, é econômicamente muito elevado, ambientalmente destrutivo, culturalmente inadequado e socialmente injusto.Que prevaleça o diálogo! O "bom governo", como já nos ensinaram os filósofos gregos há mais de 2 mil anos, é aquele que traz a felicidade para o povo. Irrigação, produção, inserção comercial são meios, não a finalidade última de um "bom governo"!

    João Matos Filho
    Professor de Economia Agrícola da UFRN.

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