terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Igreja, MST, Cuba e a ditadura Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Bolsonaro e sua tropa não querem realizar um governo, desejam implantar um regime. Uma ditadura do tipo Talibã. Uma teocracia militarizada.

Nela, a igreja neopetencostal garante a fé da população pobre de que tudo está sendo feito em defesa da família e dos bons costumes, para que todos possam ter uma melhor “vida” no céu. E para aqueles que não estiverem de acordo, resta a perseguição do Estado, tanto pelo esquema Moro, Dallagnol, PF etc., como pelas Forças Armadas, via Abin e outros bichos.


Os indícios deste grande esquema já denunciado aqui antes da eleição subiram à superfície deste lamaçal em algumas reportagens de ontem.

A primeira, do Estadão, em que o general Heleno assume que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) está investigando bispos e padres com ligação às comunidades indígenas. E colocando a Igreja Católica na mira porque entre outras coisas ela poderia substituir o PT como principal movimento de oposição. Ou seja, quem fizer oposição ao governo será perseguido. Além disso, o ministro Heleno também diz que a Abin está de olhos nas ONGs internacionais. Qual o objetivo? Impedi-las de questionar as políticas do governo tanto em relação às questões indígenas, quanto aos direitos humanos e a defesa do meio ambiente.

À noite, a Record, no programa Domingo Espetacular, por 20 minutos criminalizou o MST por ter um projeto com crianças e adolescentes filhos de Sem Terras. A lógica do programa era a de que eles são doutrinados a defender o movimento. A matéria realizada na TV do bispo Edir Macedo com essa tese beira o ridículo, já que a doutrinação de crianças, adolescentes e pessoas em situação de vulnerabilidade e fragilidade é a base do enriquecimento da IURD.

Os bispos prometem a cura de todo tipo de doenças para quem vender seu carro e colocar na conta de “deus”. Falam que “deus” vai prover emprego, vida com fartura e tascam a pegar grana de gente que não tem sequer o que comer.

E aí, a TV comprada com este dinheiro suado de gente humilde, denuncia o MST, que já contribuiu para a construção de 2 mil escolas no país, de doutrinação. De falar de Che Guevara, que segundo a repórter foi um terrorista.

Mas, não por acaso, outra matéria chamou a atenção neste domingo pelo destaque que teve no Fantástico, da TV Globo. Por uns 10 minutos, o programa se dedicou a falar de imigrantes cubanos que têm passado pelo Brasil e que depois, em geral, acabam indo morar no Uruguai.

Segundo a reportagem, um êxodo estaria acontecendo a partir da ilha. Só que o volume de pessoas que passaram pelas nossas fronteiras, mas que depois vão para outros lugares, tem sido de 200 por mês. Provavelmente número menor de habitantes que deixa a Baixada Santista para ir morar em São Paulo.

A própria matéria num certo momento deixa escapar que uma parte se arrepende, porque deixou o país iludida com a possibilidade de se tornar rico no capitalismo e agora vive em situação de penúria buscando bicos. Um dos personagens comemora ter deixado essa vida incerta ao tornar professor eventual de salsa numa pequena academia do Chuy, no Uruguai.

Enfim, não é à toa que igreja católica, Ongs internacionais, MST e Cuba apareceram com destaques negativos no Estadão, na Record e na Globo num domingo. Quem sabe como funciona a fábrica de salsichas desses veículos deve ter sentido o mesmo cheiro que o blogueiro. O que alguns chamavam de “cortina de fumaça” é o centro do projeto Bolsonaro. Eles não estão brincando de jogo ideológico. Eles querem um regime talibanesco no Brasil. 

Se vão conseguir é outra coisa. E o resultado disso depende muito da capacidade de luta daqueles que serão perseguidos. Por este motivo, o blogueiro acha que já está mais do que na hora de Igreja Católica, ONGs, MST, MTST e outros movimentos que estão na mira se juntarem num grande evento para construir a resistência. Um Fórum Democrático Brasileiro.

Que precisa ter gente do centro e da centro direita. Para impedir o uso do Estado contra os indivíduos e as instituições.

A Igreja Católica terá papel central nisso. Os bispos brasileiros deveriam definir já uma data para que em todas as paróquias seus padres orassem pela democracia e abordassem a perseguição que a igreja está sofrendo. Um dia de oração contra a perseguição e a democracia. Com atos em todos os cantos do país poderia ser uma excelente ação para lançar este movimento.

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