Por Gilberto Maringoni
A Companhia Vale do Rio Doce, estatal fundada por Getúlio Vargas, era, nos anos 1990, um conjunto de 27 empresas, cujas atividades iam da prospecção do subsolo, extração processamento de minérios, até sofisticadas atividades de química fina.
Além disso, a Companhia era caracterizada por inúmeros projetos culturais, sociais e comunitários em todo o Brasil.
Nunca houve desastre ambiental que chegasse perto dos de Mariana e Brumadinho.
Privatizada nos anos 1990, sob o argumento de ser ineficiente, a Vale - nome insosso e que não diz nada - foi reduzida a uma mineradora.
Extrai ferro e outros metais e os vende em estado bruto para - entre outros - a China.
A Vale foi literalmente desindustrializada e transformada em agente de economia de enclave.
Ou seja, própria de atividade extrativista, com pouca atividade que desenvolva o seu entorno. Tem baixo efeito multiplicador em termos de emprego e de dinamismo econômico. A empresa é especialista em cavar buraco.
A Vale só pode deixar de ser uma empresa de baixa eficiência e danosa ao meio ambiente se for estatal e se estiver articulada com um projeto de desenvolvimento.
Na atividade privada ela pode, no máximo, ser melhor fiscalizada. Mas seu potencial de gerar emprego e uma cadeia produtiva com sinergias em áreas afins inexiste. Ela se subordina à demanda externa por minérios e ponto.
A privatização da Vale foi um atentado à economia nacional.
O fato dos governos seguinte à jamais terem questionado sua privatização - cercada de denúncias de ilegalidades - mostra como desenvolvimento, papel do Estado e soberania são temas difíceis de ganharem prioridade na agenda nacional.
Ah, a Vale, nessas duas últimas décadas, financiou centenas de campanhas de candidatos a todo tipo de cargo eletivo.
É também algo próprio da iniciativa privada.
É possível que isso existe muita coisa.
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