Nunca fui de dar crédito a teorias conspiratórias com base em suposições, conjecturas e teses especulativas. Mas quando a realidade bate à porta é diferente. Nesses casos o melhor a fazer é se preparar para enfrentar a tormenta.
O sentimento nacionalista, que marcou sucessivas gerações das forças armadas brasileiras, foi banido da caserna. Lideradas por generais, almirantes e brigadeiros da ativa, e insuflados pelos radicais fascistas da reserva que gravitam em torno do Clube Militar, as tropas hoje se colocam na linha de frente dos defensores da rapinagem do patrimônio nacional.
Que ninguém se iluda: os militares se mantiveram em silêncio diante do fim da lei de partilha do petróleo, que resultou no crime de lesa pátria da entrega do pré-sal às petroleiras estrangeiras, por um único e simples motivo: a cúpula das três armas está sintonizada com os interesses imperialistas como nunca antes na nossa história.
Igualmente o ultraneoliberalismo do governo golpista de Temer conta com forte apoio fardado. O antipetismo visceral e doentio, que tomou o lugar do anticomunismo de outrora entre os oficiais de baixa e de alta patente, explica a passividade ante o fim da CLT (coisa que nem a ditadura ousou fazer) imposto pela reforma trabalhista, o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, o projeto de reforma trabalhista e tudo que é modalidade de roubo dos direitos do povo.
E o moralismo udenista presente hoje nas forças armadas é seletivo e tem viés político-ideológico. Por isso, só enxergam corrupção em Lula e no PT. A roubalheira generalizada promovida pela gangue que ocupa o governo da República depois do golpe de estado não incomoda nem um pouco. Não é por acaso que o inominável capitão nazista, antes rejeitado pelo alto oficialato, hoje é o candidato da maioria esmagadora dos militares.
Como Temer é essencialmente um governante frouxo e rejeitado pela quase unanimidade do povo brasileiro, o comandante do Exército, general Villas Bôas, não se peja em dar opiniões políticas, pressionar o STF para manter Lula preso e, absurdo dos absurdos, posar como chefe de um poder supremo e despótico avisando que os quartéis não aceitam a candidatura de Lula.
Em qualquer democracia minimamente consolidada, que tem como um de seus pilares fundamentais a subordinação das forças armadas ao poder civil, Villas Bôas seria demitido e preso. No Brasil, o monopólio midiático, pedra angular da ditadura de novo tipo que vivemos, reverbera suas declarações com a maior naturalidade.
Só não vê quem não quer: os militares se preparam para não aceitar uma eventual e cada dia mais possível vitória de Fernando Haddad. Primeiro integrarão, junto com o Judiciário corrompido e a mídia, uma força tarefa voltada para impedir a todo custo que isso ocorra, com farto apelo a ameaças, denúncias, chantagens, calúnias e toda sorte de baixarias e sujeiras. Se nada disso der certo, tentarão uma intervenção direta ou apoiarão uma manobra antidemocrática qualquer para impedir a posse do candidato do Lula.
Desde já, cabe à esquerda e às forças democráticas investirem na mobilização do povo, única força capaz de não permitir que o fiapo de democracia que ainda nos resta seja arrebentado de vez.
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