quarta-feira, 10 de abril de 2013

Assentamento Guarapes, 15 anos de lutas, organização e conquistas.


Residencias Reformadas (Recursos do INCRA e Associação)

Neste ano de 2013 o projeto de Assentamento Guarapes comemora seus 15 anos de lutas, organização e conquistas. A exatamente no dia 04 de abril de 1998 se constituía a Associação do Projeto de Assentamento Guarapes, localizado a pouco mais de seis quilômetros da sede do município de Jandaíra, encravado na antiga fazenda Guarapes, terras do então Tenente Graco Magalhães, herdeiro por se só dos pedrosas, mas adquirido de uns dos pedaços de solos oriundos de uns dos maiores celeiros de plantio de algodão que toda região do Mato Grande e Sertão Central já pôde ver, sim porque não era tão pequena, onde de Jandaíra a Pedro Avelino podia se medir muito mais de cinco mil hectares.

Mas na devida data mencionada anteriormente se podia registrar na história da luta pela reforma agrária dentro do município de Jandaíra um marco que marcou a devida oficialização da organização e luta de vários trabalhadores e trabalhadoras rurais que muitas vezes foram moradores ou empregados da mesma propriedade. Poder sonhar com seu próprio pedaço de terra.


Projeto comunitário irrigado(Conquista pelo PCPR II e Associação)

Esse marco teve e tem até os dias atuais um componente impulsionador da organização chamado de Sindicato dos Trabalhadores Rurais que por sua vez na época coordenado pelo então Presidente José Edson de Oliveira (DEDEZINHO)  que seria capaz de junto com sua diretoria e os demais trabalhadores e trabalhadoras rurais lutar e concretizarem de forma pacífica a conquista da terra.

É bem de certo que para o órgão oficial (INCRA) só passamos a existir a parti de 09 de setembro daquele ano, porem não se pode deixar de lembrar a luta antes feita para que isto pudesse acontecer, não tão somente pelo fato de constituição da Associação, mas também pela luta e organização que se dava desde 1997. Nesses 15 anos muito temos a comemorar, mas também muito temos a lutar e conquistar muito mais.

Aqui vale lembrar aos nossos leitores ou aqueles que talvez nos visite ou já ouviram falar, que muitas vezes dizem, poxa esse talvez seja uns dos Assentamentos melhores de morar e de se desenvolver a agricultura da região ou até do estado. Tudo que temos e conquistamos até o presente momento veio com a luta por meio da organização dos próprios Assentados, seja via o Sindicato ou a própria Associação. Terra, instalação da famílias, casas, energia, iluminação publica, posto de saúde, poços, trator, vários projetos, programas em fim tudo teve o seu sentido de luta e de reivindicação.

Basta lembrarmos quando em muitos momentos que tivemos de convocar o próprio poder publico local para dialogarmos sobre pautas comunitárias, solicitações e etc. Mesmo aquelas obras de responsabilidades dos vários gestores municipais, quando foram executadas, sempre teve os momentos onde reivindicamos, onde dialogamos, ou até mesmo realizamos grande assembleias e colocamos os mesmos na roda de dialogo e juntos corremos atrás dos recursos e foi concretizado, não se é custo lembrarmos do posto de saúde, dos poços, da iluminação publica e etc.


Hoje nos deparamos com tudo isso e ainda nos perguntamos, o que falta conquistar? Não precisa – se ir muito longe para quem luta, convive e conhece para percebermos que de cara falta o de mais essencial para uma comunidade, uma escola digna e decente onde nossas crianças e nossa juventude possa se encher de orgulho e dizer, nós temos uma escola boa. E não foi porque não lutamos ou lutássemos com menos vigor sobre essa pauta, mas acho que quando tivemos mais próximos da oportunidade, ai vem a velha desculpa da elite brasileira, quando o tema é educação e de imediato abrimos mão de uma proposta que graças a Deus beneficiamos o Assentamento Santa Inês também em nosso município e a nossa tão badalada promessa de nossa escola e garantida já em orçamento na época (2007) foi redirecionada e cortada e até hoje não gozamos desse direito.

Claro que não falta somente isso, mas é importante frisarmos aqui a importância que é dada pelos nossos gestores e aqui não portamos a tão somente as gestores municipais, mas as três esferas, quando o tema é a educação e quando no campo ainda mais grave. Em todos os espaços onde nós temos chegado desde a época a qual tivemos a certeza do corte orçamentário previsto e por problemas administrativos do próprio INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), ou desde a fundação de nosso assentamento que apresentamos como pauta prioritária, mas sempre temos uma desculpa. Ano passado quando ainda estava ocupando a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, acompanhamos a atualização do PAR (Plano de Ação Articulada na Educação) através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, mas uma vez renovava nossa reivindicação garantindo assim que pelo menos o gestor municipal pudesse mais uma vez pelo menos dizer que era prioridade para os próximos quatros anos, uma vez que o referido plano é pensado para esse período.

Iniciado 2013, mais uma vez reafirmamos para o atual gestor a necessidade de colocar entre suas prioridades de gestão e dar referendo aquilo que já aviamos colocado no PAR. Agora a luta continuar, seja com quem for, seja aonde for, estejamos onde tiver, não somente para lutarmos pela escola, mas por uma educação de qualidade, por uma quadra de esportes, onde nossos jovens possam jogarem seu esporte com dignidade e etc.

Frisei com mais força a questão específica dessa escola ainda não conquistada para demonstrar exatamente para nossos leitores da importância que tem esse debate da educação a qual sempre fiz e faço, independe de qual o espaço que tenho ocupado e nessa ótica de um assentamento como nosso, ou tantos iguais por este país. Somos hoje mais de 140 famílias, onde de inicio éramos 100 e ainda falta muito para chegarmos perto do sonho de uma agricultura familiar com condições sociais e de apoio produtivo apara o desenvolvimento local sustentável e solidário.

Cisternas do P1MC(parceria da ASA, Governo Federal, STR Jandaíra, Prefeitura e Associação)

Bom mais para retornamos o foco da comemoração de nossos 15 anos, não que a amplitude do debate não seja importante, mas todas essas reflexões e entre linhas aqui colocadas vem no sentido de mostrar para nossos leitores e para a sociedade como um todo a importância da luta, da organização e da perseverança quanto as conquistas de um assentamento como este e por todos os recantos onde possamos habitar, não haverá nunca governo bom, sem organização de fato do povo, sem luta, as pessoas, os governos são passageiros, a organização social, o poder de mobilização e de organização, por mais capenga que seja, pra mim ainda é a esperança de qualquer mudança, independe de onde estejamos ou em que se ocupamos.

Ou seja, para mim não existe pessoa, seja ela político, ou líder de partido, ou organização responsável isoladamente por conquistas ou por determinadas obras, ou por ações que por sua vez ajudam a transformam uma realidade ou uma comunidade. Existe sempre a importância da luta, da reivindicação, do esforço conjunto, por mais que exista aqueles que ainda não compreendam esse simples fato.

Está na cara e na realidade dos fatos, quando observamos o Assentamento Guarapes, por tudo que já mencionamos aqui e repetimos aqui, a maioria do que conquistamos até aqui e que temos pela frente para conquistarmos tem a marca da luta e da nossa organização e não tem sido nem devemos permitir que alguém diga fui eu e sim fomos nós que lutamos e contamos com ajuda e a parceria em muitas vezes de instituições que se despuseram a nos ajudar na luta.

Sou filho desse torrão, sou filho e componente familiar das 140 famílias a quais habitam esse lugar e tenho orgulho de fazer parte desses 15 anos de histórias e de lutas. Encerro aqui trazendo alguns nomes que contribuíram com essa luta direta e indiretamente até agora, como por exemplo o então Presidente do Sindicato da época e primeiro Presidente eleito da Associação José Edson de Oliveira (DEDEZINHO), o senhor José Pereira da Silva(Espetou), Edivan Carneiro da Silva, Edinalra de Freitas, o atual Presidente Josenildo Dantas e o atual Presidente em exercício do Sindicato Daniel Matias de Souza que também passou por dois mandatos.

Posto de Saúde (Prefeitura e Governo Federal) 

Ou seja, todos de qualquer forma, uns mais outros menos, mas junto com todos nós desempenharam e deram suas contribuições até agora, o mais importante daqui pra frente é termos a certeza do papel e responsabilidades que ainda temos que desempenhar com a responsabilidade para o bem comum de todos e todas os assentados e assentadas.

Por Jocelino Dantas Batista, atual Secretário Municipal de Agricultura, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Rural e Presidente Licenciado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jandaíra.

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