sexta-feira, 16 de março de 2012

Eleição, a venda e a compra de votos.

Por Lino Resende.
Falar em política e, principalmente, em política é um meio seguro de ouvir os piores conceitos sobre a atividade e quem a exerce. Os políticos, no Brasil, andam mais sujos, como diria um velho amigo, que pau de galinheiro. A população, de um modo geral, não quer ouvir falar nem em um, nem em outro. E quando fala é para colocar em todos pelo menos uma etiqueta: corrputo.
Tenho crítica aos políticos, mas acho que a política é fundamental. E ela não pode ser exercida plenamente sem eles. A democracia reside no exercício da política, mas cabe ao cidadão, que também é eleitor, escolher que político colocará nas várias câmaras legislativas e nos cargos executivos. Neste aspecto, o político é o reflexo do eleitor.
Uma prova disso foi dada por um jornal do Espírito Santo que mandou um repórter acompanhar um candidato, passando-se por assessor dele. O que ele descobriu é que há, por parte do eleitor, um clientelismo explícito. Quando alguém se aproxima do político, o faz pensando em levar vantagem. É a chamada venda do voto, que é dado em troca de um benefício, não em função do que o candidato é, foi e pretende ser em termos de atuação.
Os pedidos são os mais disparatados, desde emprego até dinheiro, mesmo. O jornalista constatou que este tipo de pedido é considerado normal pelo eleitor. E que, embora o faça, continua reclamando do político. Parece que o eleitor vê na disputa eleitoral uma forma de se arranjar, aproveitando um momento para levar vantagem, conseguindo algo pessoal. No trabalho do repórter ficou evidente que em nenhum momento os pedidos têm caráter geral, em favor da comunidade. O eleitor quer é se dar bem.
O mais surpreendente é que este tipo de comportamento não é exclusivo da chamada baixa renda. A constatação do repórter para estes procedimentos foi feita em vários momentos e em bairros de classe média e, até, de classe média alta. Parece ter se instalado, de vez, a Lei de Gérson, com todo mundo querendo levar algum tipo de vantagem. E o coletivo, neste caso, que se dane.
O que a matéria reflete, na verdade, é a má formação política do brasileiro. E ela decorre, muito, da qualidade da educação. Como mostrou o sociólogo Alberto Carlos de Almeida em A cabeça do brasileiro – um livro emblemático e que todos deveriam ler – na medida em que a educação avança, as pessoas começam a mudar seu pensamento. Quando mais educada, mais crítica e mais consciente.
Com o baixo nível de educação o que temos é o clientelismo. E se há – e é claro que existem – políticos que tiram partido dele, proprocionando assistência, dando mimos, comprando votos, eles o fazem por que o eleitor assim o deseja. A proposta de venda do voto, como constatou o jornalista, sempre partiu do eleitor, feita diretamente ao político ou ao seu pretenso assessor.
E se há um mercado para a venda, há sempre alguém disposto a comprar. Assim, os maus políticos se elegem e os eleitores, que os colocam em cargos legislativos ou executivos vendendo seus votos, reclamam que não fazem nada, não são atendidos, ninguém olha pela comunidade. Ora, eles são os responsáveis por isso. Nesse sentido pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que estes eleitos representam, sim, seus eleitores.
Eleitor e eleito querem, mesmo, é levar vantagem. E isso por não haver seriedade, nem de um, nem do outro lado. E o pior de tudo é que os candidatos sérios, dispostos a trabalhar em favor da maioria, da comunidade, que não aceita o jogo da compra de votos, acaba perdendo.

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