Postado por Alex Viana em Investigação
Integrantes da quadrilha segundo o Ministério Público responsável pela fraude do Consórcio Inspar tentaram por todos os meios reverter decisão do governo Rosalba Ciarlini (DEM) de suspender e depois cancelar o contrato bilionário da inspeção veicular, cuja licitação aconteceu na gestão anterior e foi inicialmente mantida pelo governo democrata.
Para tanto, fizeram-se valer do apoio de diversos lobistas entre políticos, empresários e agentes do governo. A quadrilha segundo o MP era articulada e tinha alcance a autoridades do Estado e tentava a todo custo lutar para que o contrato fosse sacramentado pelo governo Rosalba Ciarlini, quando este, diante de recomendações do Ministério Público e após análise da Procuradoria Geral do Estado, decidiu pela suspensão e, por fim, cancelamento do contrato, o que gerou um a ação na justiça por parte do consórcio Inspar.
Na luta desenfreada e desesperada para manter o contrato, o núcleo da quadrilha segundo o MP, liderado pelo dono do consórcio Inspar, o advogado George Olimpio, utilizando-se de lobistas profissionais como o empresário paulista Alcides Fernandes, de empresários locais como o dono da Montana Construções, José Gilmar, e de políticos aliados ao governo como o suplente de senador João Faustino (PSDB), tentou pressionar a gestão Rosalba a manter o contrato.
Neste sentido, diversos contatos foram feitos com lideranças ligadas ao governo, a exemplo do ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, o vice-governador Robinson Faria e o senador José Agripino Maia, por exemplo. Em todos eles houve resistência por parte dois aliados do atual governo, segundo informa a peça do Ministério Público.
Num dos diálogos do dia 7 de fevereiro deste ano, constante à página 118 da petição do Ministério Público, o suposto chefe da quadrilha, o empresário George Olimpio, teria dito ao empresário Gilmar da Montana que estaria indo a Brasília manter uma conversa com o senador José Agripino Maia sobre o assunto. “Escute! Eu estou chegando ao Aeroporto. Eu estou indo para Brasília agora… vou falar com o Ministro e com José Agripino… eles mandaram me chamar lá”, diz o trecho da gravação transcrita e distribuída do Ministério Público.
Esta semana, a jornalista Thaisa Galvão e o radialista Robson Pires afirmaram que o Consórcio Inspar doou R$ 700 mil para a campanha do senador José Agripino ao Senado. Até o momento o senador não desmentiu o fato que, se confirmado, seria irregular e ilegal, podendo resultar na perda do mandato do presidente nacional do DEM, uma vez que a doação não seria registrada nas contas do democrata no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Outro diálogo flagrado pelo MP também envolve o senador José Agripino. No dia 9 de fevereiro, quando a quadrilha já trabalhava com a informação de que o governo iria “matar” o contrato, isto é, cancelá-lo, pondo a perder todo o negócio, às 13h17, George e João Faustino se falam. “Este último diz que falou com o senador José Agripino e este iria ligar para a governadora Rosalba Ciarlini e para o secretário chefe do Gabinete Civil do governo do Estado, Paulo de Tarso Fernandes”, diz o MP.
Segundo o MP, “inúmeras foram as estratégias da organização na tentativa de reverter esta decisão do governo do RN”. De acordo com o órgão, “a relevância destas conversas para a investigação e, portanto, para o processo penal, está em que através delas começou a se descortinar quem eram os sócios ocultos do consórcio INSPAR e os principais colaboradores da organização criminosa”, diz o MP.
De O Jornal de Hoje
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