terça-feira, 26 de julho de 2011

Movimento contrário ao distrito irrigado reuniu mais de 2 mil trabalhadores

Foto: Agnaldo Fernandes
Edílson Neto (Presidente do Sindicato)
Apodi - O movimento contrário ao distrito irrigado com agrotóxico na chapada conforme está propondo o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) ao Ministério da Integração Nacional, reuniu hoje, em Apodi, mais de 2 mil trabalhadores rurais de várias cidades do Rio Grande do Norte e também do Vale do Jaguaribe (CE).
O Distrito Irrigado está sendo projetado pelo Dnocs para aproveitar a reserva hídrica da Barragem de Santa Cruz, que acumula até 600 milhões de metros cúbicos de água. Querem desapropriar aproximadamente 14 mil hectares na região da Chapada do Apodi,                que atualmente pertence a pequenos produtores rurais e até áreas de assentamento.
O projeto como todo prevê investimento na ordem de R$ 280 milhões. Os trabalhadores, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Edilson Neto, querem o investimento, mas não no perfil traçado pelo Dnocs, prevendo uma grande área para produzir frutas por grandes grupos empresariais usando agrotóxico.
Conforme Edilson Neto, este projeto do Dnocs não pode ser levado à frente. Primeiro porque está tirando a terra de quem tem pouco para dá a quem tem muito. E segundo por que a produção terá agrotóxico, prejudicando os moradores nativos da região, como, segundo ele, já aconteceu no Distrito Irrigado instalado pelo próprio Dnocs em Limoeiro do Norte (CE).
O sindicalista disse que o movimento realizado ontem em Apodi tem como objetivo principal forçar o Governo Federal, através do Ministério da Integração Nacional, a implantar na Chapada do Apodi um distrito Irrigado com o mesmo perfil do que implantou em Sergipe. "Não queremos modelo poluidor. Queremos um modelo agroecológico", diz Edilson Neto.
Se for para produzir com agrotóxico, a apicultora Fátima Torres disse que todos os produtores de mel da região de Apodi serão prejudicados. "Não tem quem produz mel bom com produção irrigada com agrotóxico por perto. E o município de Apodi vem crescendo muito a produção de mel e pode perder com distrito com agrotóxico", diz Fátima Torres.
Apesar de o movimento ter reunido mais de 2 mil trabalhadores, atraiu poucas autoridades. Apenas o deputado estadual Mineiro, do PT, esteve presente. Segundo Mineiro, a proposta dos trabalhadores é nobre e mais nobre ainda é o ato de lutar pelos direitos sociais. "Estamos apoiando pelo grande benefício ambiental que vai proporcionar a região", destaca o deputado.
O movimento já conseguiu semana passada, em audiência com o ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, uma promessa de rever o projeto de irrigação da Chapada do Apodi. No próximo dia 8, em Natal, os agricultores ligados aos movimentos sociais vão se reunir com uma comissão de técnicos do Ministério da Agricultura para debater a elaboração de um novo projeto para aproveitar a água da Barragem de Santa Cruz.

Fonte: Jornal De Fato.

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