sexta-feira, 27 de maio de 2011

LIDERANÇAS SINDICAIS SE MOBILIZAM CONTRA VIOLÊNCIA NO PARÁ

Mais de três mil trabalhadores (as) rurais fecharam na manhã desta quinta-feira (26/5) a estrada de ferro da empresa de mineração Vale. O ato foi em protesto aos conflitos agrários na região de Ipixuna que culminaram recentemente no assassinato do casal de agricultores agroextrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva (Zé Cláudio) e Maria do Espírito Santo Silva.

O velório dos dois ocorreu nesta quinta, em Marabá e reuniu mais de duas mil pessoas. “Nosso ato é de indignação e luto, além da denúncia das condições em que vivem os agricultores nessa região”, ressalta o secretário de Formação e Organização Sindical da Fetagri/PA, Francisco de Assis Solidade da Costa.

Segundo ele, o movimento sindical do campo na região está em busca de uma audiência com os governos estadual e federal na tentativa de reivindicar políticas públicas e, acima de tudo, segurança aos trabalhadores (as) rurais e assentados. Desde ontem, trabalhadores rurais ligados a outros movimentos sociais ocupam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Marabá, na tentativa de serem atendidos.

“Temos mais de 25 mil famílias acampadas a espera de uma resposta do governo há cinco anos. Na região sul do Pará são cerca de 500 acampamentos que precisam de todo tipo infraestrutura”, completou.

Denúncias como a presença de madeireiros em áreas de proteção, ameaças de morte, grilagem e outros problemas na região também serão foco da audiência com o governo.

A Contag reitera o repúdio a qualquer manifestação que viole os direitos dos trabalhadores (as) rurais e assentados da Reforma Agrária e, em cooperação com a Fetgri-PA, também está se mobilizando pela causa.

Para isso, exige que o governo federal enxergue com mais atenção a questão da violência no campo e que o governo do Pará implemente uma política de Estado eficaz, tendo em vista que a região historicamente é foco de conflitos desta natureza.

Mortes - Pais de dois filhos, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva eram lideranças sindicais. Eles foram assassinados em  uma emboscada quando se deslocavam para Nova Ipixuna a 50 km de Marabá. Foram mortos por defenderem a floresta e a reforma agrária, denunciando a ação de fazendeiros e madeireiros da região.

Zé Cláudio e sua esposa Maria eram ex-presidentes da Associação do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira, de Nova Ipixuna, criado em 1997. Mesmo fazendo parte da lista dos marcados para morrer no Pará, nada foi feito para defender a vida do companheiro e da sua esposa, que vivam do extrativismo através da produção de perfumes, sabonetes, cremes, extração de óleo da andiroba, cupuaçu, castanha entre outros. Lutavam contra as madeireiras que atuavam na região, e foram constantemente ameaçados de morte.

 

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