quinta-feira, 30 de julho de 2020

Volta segura às aulas - é possível?

Por Francisco do PT - Professor e Deputado Estadual, em 30 de julho de 2020.

Esse tema merece ser amplamente debatido. Estamos diante de uma realidade complexa, onde por imposição da COVID 19, foi necessário suspender as aulas presenciais em decorrência de ser o ambiente escolar, espaço de aglomeração, portanto favorável à disseminação do vírus.

 Não houve tempo para planejar uma adequação e a alternativa viável foi lançar mão dos meios virtuais para continuar o vínculo com estudantes e professores/as.  É evidente que, numa sociedade desigual, essas medidas escancaram mais ainda a exclusão, visto que as condições de acesso e de vida de grande parte da população, são extremamente adversas. 

No RN, contamos com um total de 3.485 escolas da educação básica, dessas, 674 são da rede privada e 2.811 das redes públicas, estadual e municipais. Logo, constatamos que a concentração maior de estudantes é nas redes públicas de ensino. O que aumenta as responsabilidades em relação aos cuidados com o reordenamento das atividades presenciais.

Estudantes e profissionais da educação representam um contingente de aproximadamente um milhão de potiguares. Uma população que ultrapassa 1/4 de habitantes do Estado. Além desse público, tem familiares envolvidos no processo e são pessoas que opinam, se preocupam e fazem intervenções no sentido de que sejam tomadas posições coerentes e seguras.

É previsível que em algum momento vamos nos deparar com a necessidade de adaptação ao contexto pós-pandemia. Portanto, a tarefa que se impõe é o planejamento de protocolos que contemplem segurança sanitária, acolhimento, permanência, aprendizagem e condições de trabalho.

A definição do conteúdo e formas de operacionalização do referido planejamento exige diálogo com toda a comunidade educacional observando-se as realidades distintas, bem como, deve-se levar consideração os prejuízos causados, principalmente aos trabalhadores/as em educação e estudantes que não conseguiram acompanhar as atividades não presenciais.

Importante ainda, fazer um diagnóstico de como se encontra a aprendizagem de todos/as e as sequelas emocionais de cada um/a mediante um ambiente de medo, insegurança e perdas. Uma indicação de provável data para funcionamento das escolas pode se confirmar ou não, uma vez que o Comitê Científico e o Comitê Gestor devem se posicionar conforme avaliações das circunstâncias.

O Comitê Gestor, coordenado pela Secretaria de Educação e Cultura do RN, conta com representações das Instituições, Sindicatos e estudantes estão contribuindo com proposições para assegurar uma reorganização do calendário escolar que resulte menos prejuízos para a comunidade educacional. 

Certamente que as atividades presenciais num cenário pós-pandemia exigirá incremento de recursos para garantir forma de convivência coletiva seguras. Os espaços escolares serão reformulados, os ônibus higienizados, pois os estudantes se deslocam para chegarem às escolas, equipamentos de proteção devem fazer parte do cotidiano de estudantes e profissionais, dentre outras medidas a serem combinadas junto aos usuários das instituições.

Em âmbito nacional, o assunto tem ganhado relevância, principalmente porque é de interesse de toda a população construir saídas que resultem em manter o direito da oferta a educação, mas com as condições que possibilitem um ponto de equilíbrio entre o direito e a realidade posta.

Sendo assim, buscar alternativas é uma tarefa coletiva e de grande impacto para a educação básica e superior do nosso estado. Fazer o debate desprovido/a de opiniões pré-concebidas ajuda a encontrar formas mais consensuais para enfrentar o problema. Fui aluno de escola pública até pouco tempo enfrentei a realidade de ser professor em escolas que apresentam condições precárias de funcionamento, sem o advento da pandemia. Imaginem vocês, que nesse momento, as carências se agravam e os desafios são imensos.

Em defesa de uma educação pública, gratuita, democrática, laica e de qualidade socialmente referenciada, nos inserimos nesse de debate com o entendimento de que preservar a vida é prioridade.

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