terça-feira, 27 de dezembro de 2016

53 anos de emancipação política de Jandaíra: quais os potenciais desafios para os próximos períodos?

Município de Jandaíra, localizado na micro região de serra verde, culturalmente localizada numa região conhecida de Mato Grande, sendo considerada uma região de transição entre sertão e agreste, no Estado do Rio Grande do Norte, neste dia 27 de dezembro completa 53 anos de emancipação política. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatista (IBGE) estamos ao final deste ano de 2016 com uma população estimada de 6.920 habitantes. Ainda segundo o IBGE e dados do Plano Municipal de Educação (PME 2015) os primeiros registros históricos vêm de Anfilóquio Câmara, que em 1941, já dava por certo a existência de um lugar com um distrito policial e certo nível econômico conhecido por Poço Jandaíra.

O nome de Jandaíra/RN originou-se da abelha Jandaíra existente na região. O substantivo é derivado de jandiere, nome dado pelos aborígenes ao inseto que produzia o mais puro mel, bastante utilizado pelos índios no trato de enfermidades.

Segundo registros mais antigos (PME pag 13) tropeiros saíam de Lajes/RN para São Bento do Norte/RN em jumentos (animais usados como transporte na região), carregados de lenhas para comercializá-las e de lá traziam peixes para vender em Lajes. Nessas caminhadas, eles tinham um ponto de referência para pernoitar e, a esse local, deram o nome de Baixa da Jandaíra. Nesse lugarejo, alojavam-se e à noite saíam para caçar e, nessas caçadas, encontravam sempre o mel da abelha Jandaíra, o qual extraíam e, como consequência, tornava-se mais um produto a ser comercializado. A cerca de 2 km desse local, em 1936, começaram a chegar os primeiros moradores e a partir de então, passou a se chamar Jandaíra.

Quanto ao povoamento, este apresentava um ritmo de crescimento razoável, e, em dezembro de 1958, foi elevada à condição de vila. Depois de cinco anos, os habitantes resolveram lutar para desmembrá-la de Lajes. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte e o governador do Estado Aluízio Alves oficializaram e aprovaram a Lei 3.036, dois dias após o feriado natalício. Em 27 de dezembro de 1963, o órgão criava oficialmente o município. Os prefeitos eram nomeados e o de Jandaíra passou a ser Severino Matias, porém o primeiro prefeito eleito pelo voto da população foi Severino Ramos da Câmara.

Nos governos LULA e sobre tudo no primeiro governo Dilma o município assim como a maioria dos municípios do país e especialmente no nordeste brasileiro teve um impulso no crescimento econômico e social, com fortes investimentos no setor de construção civil sobre tudo e aquisição de equipamentos que deveriam ajudar na melhoria dos serviços públicos e no desenvolvimento sustentável local. Mas nos últimos anos assim como na maioria dos municípios brasileiros Jandaíra também sofre pelos efeitos da crise política e administrativa, alguns problemas de ordem administrativos locais em minha opinião, mas em boa parte pela queda de receitas federais, fontes a quais o município é dependente enquanto gestão para executar os serviços básicos a população.

Por outro lado a região do mato grande se torna o momento o seleiro dos ventos, alimento principal para a produção de energia eólica e que por sua vez já se torna a região com maior capacidade instalada de parques eólicos do estado e porque não dizer do país. Pois bem, Jandaíra também não fica de fora desse cenário, desde 2015 o município começa a se transforma do ponto de vista econômico e assim também traz uma nova fonte de arrecadação para o cofre público, embora que forma temporária. Ou seja, com a instalação dos parques eólicos o município passa a contar com uma receita extra através do Imposto Sobre Serviços (ISS).

O que nos preocupa é que até o momento esse recurso tem sido usado basicamente para garantir folha de pessoal e complementar alguns poucos serviços básicos, mas nada ainda foi investido para ampliar socialmente a qualidade da educação, saúde, assistência social e agricultura familiar, por exemplo. Afirmo isso porque acredito que áreas como essas são essenciais para o desenvolvimento econômico, social e sustentável de um município com uma população ainda com índices de renda baixos, famílias em estado de vida vulneráveis, com baixo desempenho educacional e sem formação técnica.

A nova gestão terá o desafio de provocar esse debate, claro que com a participação da sociedade organizada, ou seja, como potencializar os recursos oriundos da instalação dos parques eólicos para impulsionar o desenvolvimento do município? Como ao mesmo garanti e melhorar os serviços públicos básicos a população? Como potencializar a agricultura familiar aproveitando esses recursos? Ou seja, são essas e muitas perguntas que necessitarão de respostas e que nos acompanhará pelos próximos anos e que possamos ter a esperança que uma grana a mais possa impulsionar a deixar pelo menos uma marca boa da revolução da produção de energia eólica e não tão somente a marca do aumento da prostituição, violência e doenças sexualmente transmissíveis, dentre outras mazelas sociais que junto chegam com o progresso eólico.

Por fim, parabéns Jandaíra, 53 anos de muitas lutas, resistências e que os próximos anos possamos sonhar em ver seus torrões bem mais desenvolvidos, espero que não tão somente prédios, praças e grandes obras, mas que seu povo e sobre tudo o povo mais carente possa usufruir desse possível desenvolvimento.

Jocelino Dantas Batista
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jandaíra e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, Sustentável e Solidário (COMDRIS).

Gestor de Cooperativas pela UFRN.

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