Município de Jandaíra, localizado
na micro região de serra verde, culturalmente localizada numa região conhecida
de Mato Grande, sendo considerada uma região de transição entre sertão e
agreste, no Estado do Rio Grande do Norte, neste dia 27 de dezembro completa 53
anos de emancipação política. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatista (IBGE) estamos ao final deste ano de 2016 com uma população
estimada de 6.920 habitantes. Ainda segundo o IBGE e dados do Plano Municipal
de Educação (PME 2015) os primeiros registros históricos vêm de Anfilóquio
Câmara, que em 1941, já dava por certo a existência de um lugar com um distrito
policial e certo nível econômico conhecido por Poço Jandaíra.
O nome de Jandaíra/RN originou-se
da abelha Jandaíra existente na região. O substantivo é derivado de jandiere,
nome dado pelos aborígenes ao inseto que produzia o mais puro mel, bastante
utilizado pelos índios no trato de enfermidades.
Segundo registros mais antigos (PME
pag 13) tropeiros saíam de Lajes/RN para São Bento do Norte/RN em jumentos
(animais usados como transporte na região), carregados de lenhas para
comercializá-las e de lá traziam peixes para vender em Lajes. Nessas
caminhadas, eles tinham um ponto de referência para pernoitar e, a esse local,
deram o nome de Baixa da Jandaíra. Nesse lugarejo, alojavam-se e à noite saíam
para caçar e, nessas caçadas, encontravam sempre o mel da abelha Jandaíra, o
qual extraíam e, como consequência, tornava-se mais um produto a ser
comercializado. A cerca de 2 km desse local, em 1936, começaram a chegar os
primeiros moradores e a partir de então, passou a se chamar Jandaíra.
Quanto ao povoamento, este
apresentava um ritmo de crescimento razoável, e, em dezembro de 1958, foi
elevada à condição de vila. Depois de cinco anos, os habitantes resolveram lutar
para desmembrá-la de Lajes. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do
Norte e o governador do Estado Aluízio Alves oficializaram e aprovaram a Lei
3.036, dois dias após o feriado natalício. Em 27 de dezembro de 1963, o órgão
criava oficialmente o município. Os prefeitos eram nomeados e o de Jandaíra
passou a ser Severino Matias, porém o primeiro prefeito eleito pelo voto da
população foi Severino Ramos da Câmara.
Nos governos LULA e sobre tudo no
primeiro governo Dilma o município assim como a maioria dos municípios do país
e especialmente no nordeste brasileiro teve um impulso no crescimento econômico
e social, com fortes investimentos no setor de construção civil sobre tudo e
aquisição de equipamentos que deveriam ajudar na melhoria dos serviços públicos
e no desenvolvimento sustentável local. Mas nos últimos anos assim como na
maioria dos municípios brasileiros Jandaíra também sofre pelos efeitos da crise
política e administrativa, alguns problemas de ordem administrativos locais em
minha opinião, mas em boa parte pela queda de receitas federais, fontes a quais
o município é dependente enquanto gestão para executar os serviços básicos a
população.
Por outro lado a região do mato
grande se torna o momento o seleiro dos ventos, alimento principal para a
produção de energia eólica e que por sua vez já se torna a região com maior
capacidade instalada de parques eólicos do estado e porque não dizer do país. Pois
bem, Jandaíra também não fica de fora desse cenário, desde 2015 o município
começa a se transforma do ponto de vista econômico e assim também traz uma nova
fonte de arrecadação para o cofre público, embora que forma temporária. Ou
seja, com a instalação dos parques eólicos o município passa a contar com uma
receita extra através do Imposto Sobre Serviços (ISS).
O que nos preocupa é que até o
momento esse recurso tem sido usado basicamente para garantir folha de pessoal
e complementar alguns poucos serviços básicos, mas nada ainda foi investido para
ampliar socialmente a qualidade da educação, saúde, assistência social e
agricultura familiar, por exemplo. Afirmo isso porque acredito que áreas como
essas são essenciais para o desenvolvimento econômico, social e sustentável de
um município com uma população ainda com índices de renda baixos, famílias em
estado de vida vulneráveis, com baixo desempenho educacional e sem formação
técnica.
A nova gestão terá o desafio de
provocar esse debate, claro que com a participação da sociedade organizada, ou
seja, como potencializar os recursos oriundos da instalação dos parques eólicos
para impulsionar o desenvolvimento do município? Como ao mesmo garanti e melhorar
os serviços públicos básicos a população? Como potencializar a agricultura
familiar aproveitando esses recursos? Ou seja, são essas e muitas perguntas que
necessitarão de respostas e que nos acompanhará pelos próximos anos e que
possamos ter a esperança que uma grana a mais possa impulsionar a deixar pelo
menos uma marca boa da revolução da produção de energia eólica e não tão
somente a marca do aumento da prostituição, violência e doenças sexualmente transmissíveis,
dentre outras mazelas sociais que junto chegam com o progresso eólico.
Por fim, parabéns Jandaíra, 53 anos
de muitas lutas, resistências e que os próximos anos possamos sonhar em ver
seus torrões bem mais desenvolvidos, espero que não tão somente prédios, praças
e grandes obras, mas que seu povo e sobre tudo o povo mais carente possa usufruir
desse possível desenvolvimento.
Jocelino Dantas Batista
Presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Jandaíra e do Conselho Municipal de Desenvolvimento
Rural, Sustentável e Solidário (COMDRIS).
Gestor de Cooperativas pela UFRN.
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