sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Janio de Freitas: imprensa mostrou cobertura ideológica muito nítida

programa Observatório da Imprensa desta semana discutiu a cobertura da imprensa sobre a AP 470, o chamado julgamento do mensalão. Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro os jornalistas Janio de Freitas (Folha) e Marcelo Beraba (Estadão). Também participou, em São Paulo, o jornalista Marcelo Coelho (Folha).
Dines perguntou como Janio de Freitas avaliava o “carnaval” da mídia em torno das prisões dos réus, lembrando que jornalistas tentaram entrar no avião que os levou a Brasília.
Eis a resposta de Janio: “Há uma evidente tendência na atual maneira de fazer jornalismo brasileiro para buscar o sensacionalismo, para dar um ingrediente a mais que é fabricado na elaboração da notícia”.
Ele ainda apontou uma “indisposição” da mídia em relação ao PT, ao ex-presidente Lula e a Zé Dirceu. Para Janio, essa combinação serviu bem ao sensacionalismo. O jornalista avalia, no entanto, que, enquanto a mídia eletrônica buscava o estardalhaço, os jornais impressos do dia seguinte à prisão tiveram uma postura sóbria.
“A televisão foi espetaculosa nesse dia e talvez em um ou outro dia no decorrer do processo. Com bastante razão para isso, porque era uma coisa espantosa: de repente, estar aquele grupo de pessoas de classe social e inserção política muito elevada [indo] para a cadeia, no avião da Polícia Federal”, afirmou.
“De outra parte, bastante diferente, é, a meu ver, a conduta da imprensa no decorrer de todo o processo. O que eu quero dizer é o seguinte: a televisão fez uma cobertura – ainda que talvez exagerada, desnecessariamente excessiva – factual, jornalística. Mas a cobertura da imprensa durante todo o processo, desde a primeira denúncia do Roberto Jefferson, tem uma conotação ideológica muito nítida. É muito clara a acentuação da conduta jornalística, nesse caso, pelo fato de se tratar do PT.”
Janio diz que a incapacidade da mídia de conviver com o governo PT acentuou a contaminação ideológica da cobertura jornalística.
Já Marcelo Coelho considerou que a cobertura da imprensa do caso não pode ser chamada de “circense” e que o rigor dado ao tratamento do PT foi proporcional ao que o partido aplicava quando se tratava de escândalos de outros partidos.
Marcelo Beraba disse que a cobertura dos jornais impressos sobre o julgamento foi equilibrada.

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