sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Remunerações e Prioridades

A Policia Militar estava com dois meses de seus soldos em atraso, e atuando em uma situação de muitas dificuldades e riscos, com equipamentos sucateados, carros com pneus “carecas”, coletes vencidos pela utilização, enfrentando o crime organizado e armado, de drogas, de assaltos à mão armada em turba e abruptos a lojas comerciais e a consumidores, a arrombamentos de bancos, pequenos sequestros, arrastões nas áreas urbana e rural.

Os crimes se sucedem, com óbitos em estatísticas nunca registradas, com números assombrosos, uma verdadeira guerra civil, causando insegurança a homens e mulheres, não tem idades e locais, além de inversão de valores na sociedade, aumentando a situação de crise, de insegurança e de violência, muitas vezes levando a morte, muitos policiais, infelicitando suas famílias e causando mais problemas de ordem social.

A Polícia Militar vem cumprindo a sua missão institucional com zelo, desprendimento, muita coragem, destemida, principalmente dentro das condições postas, de um Estado esvaziado, sem planejamento, e prioridades mal escolhidas sem a participação coletiva, em que pese os canais de participação estabelecidos, mas, operacionalizado com a presença passiva da cidadania, em regra geral apenas para legitimar decisões já tomadas.

Os dois meses de remunerações atrasadas para quaisquer servidores que cumprem a missão de Estado, das políticas e programas públicos, consiste em um episódio arrasador, de destruição dos laços familiares, de não permitir as famílias saldarem os compromissos mais comezinhos, trazendo todo tipo de preocupação com alimentação, com custos permanentes de água, energia, com telefonia,  transporte, com escolas, com vestuário e com prestações assumidas, gerou muitas inquietações.

O oficialato da Polícia Militar tomou uma posição justa de paralisação das atividades, no primeiro momento recebendo uma repreensão do governador que não toleraria indisciplina, para depois pagar o mês de setembro e anunciar o pagamento de outubro para o pessoal ativo, em detrimento dos aposentados, dizendo que a Polícia Militar é prioridade, causando inúmeras insatisfações, pelo conceito da prioridade sendo questionado, e agora com anuncio de paralisações em vários segmentos dos servidores.

E assim se interroga aos agentes políticos do Estado, qual mesmo os setores prioritários? A saúde não é prioridade? Quem salva vidas não é prioridade? E a educação? Quem conduz a educação para gerações de jovens não é prioridade?  Quem arrecada e aumenta os ingressos? E o interior com os presídios? E assistência social? E a agricultura? O Turismo? E a universidade? Enfim, quais as prioridades?

O governo do Estado precisa pagar em dia e com pontualidade os servidores públicos, pois os fazendários em toda oportunidade vem dizendo que a arrecadação está aumentando,  não tem justificativa esta falta de prioridade com o pagamento da folha, que atormenta as famílias norte-rio-grandenses e traumatiza toda a sociedade e descredencia o Estado.   

Evandro Borges
Advogado

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