quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Reforma política: distritão só afasta cada vez mais sociedade da política

Faço política todo santo dia de minha vida, me posiciono sobre o que penso, participo de organizações socais, participo de decisões de minha comunidade e até mesmo do município. Mas há um espaço que eu assim como a maioria da população não consegue chegar ainda sem que seja realmente pelo voto consciente e por isso boa parte das pessoas que converso afirma a seguinte frase: “não gosto de política, todos são iguais”.

Pois bem, quando esse cidadão afirma que não gosta de política e que todos são iguais acaba votando em qualquer um e inclusive no que ele afirma ser igual aos “outros”. Mas quem é esse outro? Imagina-se que esse outro na cabeça dessas pessoas seja mais um ladrão que virá, mas ele acaba votando e geralmente em troca de vantagens ou na corrupção eleitoral.

Mas na primeira crise administrativa de uma gestão é o primeiro a reclamar por falta de educação, saúde e outros direitos básicos. Pois é, se agente não votasse em qualquer um e escolhesse quem realmente tem um histórico de participação na comunidade, tem posição em defesa dos mais humildes, talvez agente errasse menos, não que isso seja uma garantia, mas acredito que sejam elementos para errarmos menos no voto.

Vejam bem, a proposta de reforma política que está sendo pensada em Brasília aprofunda ainda mais essa tese de que todos são iguais, beneficia os que tem dinheiro ou já detém mandatos, seja deputados, senadores e vereadores. Dentro da proposta existiria uma regra chamada de distritão.

Mas o que é isso? O distritão nada mais é, que determinar um território, e dentro desse território se elege os mais votados. Vamos pegar o exemplo do município de Jandaíra onde atuamos, o município será o distritão, concorrerão vários candidatos de vários partidos e quem tiver mais voto se elege vereador e os nove mais votados ocuparão as nove cadeiras.

Hoje não é assim, se elege por coligação, por mais que ainda seja perverso, mas se houver uma liderança capaz de ser bem votada numa coligação poderá correr o risco de se eleger pelos votos da coligação completa, ou como conhecemos, o famoso voto da legenda.

No distritão prevalecerá a estrutura do candidato e o individualismo em detrimento de um grupo, tornando quase que inviável a concorrência entre os mais fracos e pequenos com quem detém mais estrutura, quem detém um mandato, por exemplo.

No modelo atual embora se diga, votei em um e elegeu outro, por exemplo, o caso de Tiririca, em São Paulo, mas pelo menos os votos dados não são perdidos, no distritão quem perdeu também não se aproveita os votos e termina ganhando quem tem mais poder econômico novamente. Desse jeito o povo vai continuar sem a chance de começar a pelo menos iniciar uma compreensão sobre política, entender, por exemplo, que quando se diz que não gosta de política também é uma decisão política de não gostar e de não querer entender, mas que um dia terá que escolher por alguém e se entendesse poderia erra menos e ter mais saúde, educação, agricultura e etc.

E é exatamente o que a maioria dos deputados e senadores ladrões que estão ai hoje querem, um sistema que continue deixando o povo sego e no momento certo eles cheguem e comprem todo mundo. Isso se repete para a maioria das nossas cidades e ocupantes das cadeiras de vereadores de nosso país.

Jocelino Dantas Batista

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