quinta-feira, 7 de julho de 2016

Os desafios de um gestor: um olhar sobre Jandaíra

Talvez o que vou trazer aqui pareça hipocrisia ou para alguns pareça falácia de quem nunca governou ou ver de fora, mas pela pouca experiência de vida, o pouco tempo de gestão pública e alguns estudos que tenho realizado vou-me por ao atrevimento. Não que o candidato a qual irei votar me represente em todas as ideias, até porque seria eu mesmo, mas quem sabe no futuro. A meu ver muitos dos problemas seriam resolvidos ou amenizados se caso o gestor liderasse pelos menos parte dessas ideias.

Em primeiro lugar em minha opinião um gestor não tem moral nos tempos atuais de chegar a lugar nenhum atrás de parcerias em busca de ajuda se primeiro ele não faz o mínimo do dever de casa. Para mim o dever de casa vai muito além do velho feijão com arroz, ou seja, é preciso ir além da lida de fazer o básico dos serviços prioritários como saúde, educação, segurança, agricultura, assistência e idem.

É preciso além de tudo planejar, articular equipes em todos os níveis, propor legislações atualizadas, que acima de tudo garanta direitos sociais básicos, valorização profissional, aperfeiçoamento e qualidade nos serviços públicos. Organização tributária própria que leve em consideração desde a taxação social a de fato a taxação de quem de fato tem mais fortuna.

É impossível em um município como Jandaíra não se organizar a arrecadação inicial a parti de sua própria existência, exemplos, como o IPTU é possível colocar em prática, ou seja, o mais pobre pode pagar uma contribuição simbólica ou até mesmo ter uma anistia, mas aqueles que detém melhores salários ou estruturas maiores não podem continuarem com anistia para sempre, assim o município ficará eternamente dependente de fontes de arrecadação externa. Mas o IPTU é apenas um exemplo para ilustrar que é possível organizar melhor um sistema de arrecadação própria e fortalecer as finanças municipais e consequentemente não depender exclusivamente das verbas de Brasília.

Outra fonte que embora seja temporária é o ISS, com  o advento das eólicas a próxima gestão terá a oportunidade de gerir um bolo mais alto de recursos oriundos do ISS que vem da montagem dos vários parques eólicos que estão previstos que vai muito além do primeiro parque hora instalado no ano de 2015, que por sua vez a gestão priorizou a aplicação em custeio e folha de pessoal, assim não escapando quase nada para investimento. O município precisa potencializar a aplicação desses recursos em investimentos em áreas consideradas prioritárias, como educação e saúde e em outras áreas que induza o desenvolvimento local como, por exemplo, a agricultura familiar.

Sabemos que vivemos em um município ainda pobre e com baixos índices de desenvolvimento humano, mas por outro lado temos muitas potencialidades a serem exploradas e estimuladas. O poder público e um gestor que pensa alto deve assumir esse papel de liderar mecanismo de estimulação dessas potencialidades. Associado a isso procurar sempre a formação e capacitação profissional de sua equipe para melhor oferecer um serviço publico melhor ao povo.

Como já mencionamos investir o que puder em educação e saúde, fortalecer as instancia de participação social e popular, regulamentar especificamente as prerrogativas do Plano Nacional de Educação e consequentemente o Plano Municipal de Educação, peça fundamental para nos próximos dez anos dar uma nova roupagem a educação básica municipal. Exemplo como a gestão democrática, formação continuada, fortalecimento de educação infantil e alfabetização na idade certa, formação continuada e valorização dos profissionais, melhoria da estrutura e educação do campo são alguns eixos centrais do PME que devem ser assumidos como desafios.

Fortalecer o Programa Saúde da Família, investir na infraestrutura local de saúde associada a um processo de capacitação profissional e contração de mão obra qualifica para melhor prestar a população um serviço de saúde qualidade. Sei que não é fácil, mas vejamos, já pensou no que se gasta com manutenção de ambulância, outros tipos de transportes, pessoal, manutenção, combustível e etc? Sabia que muitas vezes é para levar pacientes para fazer um simples exames como um raio-X, uma ultra ou outro exame de média complexidade?

Pois bem, isso poderia ser estruturado no próprio município e os recursos que se gasta com o combustível, pessoal, transporte e outros se investir na estruturação e no profissional para realiza-lo.
 
Há quem diga que a formação da equipe local é inviável, que não dar retorno, que seja muitas vezes jogar dinheiro fora, mas eu pessoalmente não acredito nessa hipótese, embora também não acredito que tudo ocorra de um dia para a noite, mas basta pensarmos o seguinte: se os serviços de saúde, educação, assistência, agricultura, urbanismo e demais são realizados por pessoas que todos os dias estão no município, então porque focar todas as energias e formação em profissionais estritamente de fora do município e que ganham dinheiro público para muitas vezes fazer a mesma coisa que os que vivem no município fariam?

Inicialmente ou paralelamente não se descartaria a consultoria dessas figuras, mas associado a isso é preciso que ao mesmo tempo se invista em formação e capacitação local. Por outro lado é preciso que o gestor e o governo ajam como articulador do processo de desenvolvimento, ou seja, é preciso articular parcerias com o setor do empresariado local e com o terceiro setor, articulando, fomentando e apoiando o processo de organização em cooperativas e associações capazes de captarem recursos e se organizarem para ao cesso de políticas públicas, principalmente quando colocamos o olhar sobre a agricultura familiar.

O aceso aos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um exemplo vivo dessa estratégia que já ocorre em alguns municípios brasileiros, mas pode não ficar apenas por ai. Como já mencionei nas entre linhas anteriormente é preciso estimular e fomentar a participação e o controle sociais pois não vejo isso como um entrave como alguns gestores acreditam, mas sim como um suporte a gestão e acima de tudo uma maior segurança quanto ao planejamento e aplicabilidade dos recursos públicos.

É claro que após ou paralelamente a tudo isso é preciso preparar uma boa equipe, elaborar bons projetos a parti da participação local e correr atrás da parceria do Estado e a União. Ou seja, primeiro começa a realizar o dever de casa e logo após um pouquinho chegar a esse ponto. Digo isto porque os tempos mudaram, não existe mais o tempo em que um prefeito chegava em Brasília com o pires na mão e de pronto os ministério ou um deputado, um senador lascava o saco dinheiro ou no outro mês tinha uma emenda parlamentar depositada numa conta.

Não, o desafio de ser gestor agora é bem maior, é preciso a meu ver liderar iniciativas pelos menos parecidas com o que aqui já escrevi. Mas talvez meu caro leitor e de modo especial o jandairense me interrogaria, mas como você faz parte de uma gestão e quase nada disso se faz?

Simples, não tão somente a gestão atual quanto outras passadas para mim ainda não o fizeram. Porque a maioria dos gestores ainda persistem no modelo falido e ultrapassado, ou seja, não podemos mais ter um olhar como se tinha na década de 70, 80, 90 baseando a gestão apenas no feijão com arroz e em pilares do assistencialismo paternalista que não estimula as pessoas a pensar, a se qualificarem e agirem ou que que aproximem o governo perto dos elementos aqui colocados.

Por fim, não basta apenas fazer parte da estrutura da gestão, contribuir de outra forma, o gestor, na pessoa do prefeito tem que ter a capacidade de visão a estimular e liderar a equipe a pensar e agir dessa forma, pessoas ou setores isoladamente não darão conta de transforma e mudar a realidade.

Por Jocelino Dantas Batista
Presidente Licenciado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jandaíra, Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e atua Secretário Municipal de Educação e Cultura.

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