Por Dr. Evandro Borges via Jornal Metropolitando
Este é o terceiro texto
da coluna semanal no Potiguar Notícias que falamos sobre a seca que chega ao
seu quinto ano conforme as previsões dos meteorologistas, mesmo com as chuvas
iniciais que praticamente está atingindo todo o mês de janeiro ao ano que
começou, caíram de forma generosa nos torrões queimados e com vegetação
contorcida, e que torna o verde de modo esplendoroso por toda parte, enchendo
cacimbas e açudes, fazendo alegrar os camponeses.
Em que pese estes
quatros anos contínuos de estiagem não se vê mais os saques das feiras por
famintos, dos flagelos da fome e da sede, exposto em verso e prosa, da
definição do fenômeno social que provocava o êxodo sem precedentes de famílias
de retirantes, em busca de uma saída para as agruras da vida do sertanejo do
bioma da caatinga.
Agora há um novo
conceito, da agricultura familiar, diferente da agricultura de subsistência,
que precisa ser esclarecido e que torna o campo diferente, sendo mais uma
dimensão, que vem contribuindo para a convivência com semiárido, e vem tornando
uma luta constante, pela as ações da reforma agrária, pelo crédito
diferenciado, e capitaneado incialmente pelo movimento sindical dos trabalhadores
e trabalhadoras rurais, e hoje, por todas as organizações que trabalham no
campo ao lado do homem e da mulher camponesa.
A agricultura familiar
precisa de terra, portanto, das ações da reforma agrária, ela não se firma no
minifúndio, no trabalho isolado, no trabalho de apenas mil ou três mil covas,
que presta, apenas, no curto período de chuvas e sem regularidade, para
aproveitar para fazer uma segurança alimentar, e vender a qualquer preço o
pequeno excedente, principalmente da produção de milho e feijão.
A agricultura familiar
é aquela que mantém crédito para a produção, para o custeio, para a colheita,
que maneja as culturas com as chuvas e com irrigação quando necessário, com
armazenagem, com adequação ao meio, e respeito ao meio ambiente, com
assistência técnica permanente, com extensão, consorciando culturas, utiliza a
força de trabalho da família, conhece as
cadeias produtivas, e comercializam individualmente ou coletivamente, e com
programas e políticas públicas permanente.
A agricultura familiar
desejada não tem vínculos e nem dependência com os coronéis e latifundiários,
ou uma relação de favores, de supostos protegidos, de apadrinhamentos dos
políticos de plantão, mas, de independência, de acesso a terra como
proprietário, do beneficiamento pela água, no caso do Nordeste, mesmo pouca e
irregular, mas garantido para o consumo humano.
Esta
agricultura familiar que se constrói, mesmo com as dificuldades da saúde
pública, da fragilidade da educação formal no meio rural, e da quase ausência
de uma formação técnica especializada, de ganhos ainda reduzidos, mas, vem
sendo um dos componentes para modificar o fenômeno social da estiagem.
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