quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Margaridas cercam Congresso Nacional

FOTO: Angêlica Almeida

Maravilhosa e emocionante. Essas palavram eram as primeiras a sair da boca de dezenas de mulheres quando eram perguntadas sobre sua impressão sobre a marcha.  Sendo assim, a 5ª Marcha das Margaridas, que começou com a concentração nas primeiras horas da manhã de hoje (12) no Estádio Mané Garrincha e ganhou as ruas de Brasília, colorindo o Eixo Monumental e culminando com o cercamento do Congresso Nacional, com o recado claro de lá deveriam estar representantes do povo. No gramado ao centro da Esplanada dos Ministérios, bandeiras e faixas davam o tom da reivindicação de cerca de 70 mil margaridas. O ato público não deixou dúvidas:  foi uma manifestação em defesa da democracia.

Contemplando os oito eixos temáticos da marcha, representantes de federações, sindicatos, entidades parceiras da Contag e uma gama de mulheres, e até homens, mostraram a cara e mostraram a que vieram.  Temas como soberania e segurança alimentar, violência contra a mulher, biodiversidade, agroecologia, autonomia econômica, saúde e educação não sexista foram apresentados de forma direta e criativa. Faixas feitas com redes, tecidos coloridos até as tradicionais, sempre enfeitadas com margaridas, bonecas de pano, fuxicos e toda sorte de material costuradas , na maioria das vezes, pela próprias mulheres.

Do alto dos quatro carros de som, palavras de ordem de lideranças de todas as partes do  país orientavam o andar das margaridas. A ideia era garantir a visibilidade da mobilização que, reconhecidamente, é a maior do movimento sindical do Brasil e da América Latina. Alessandra Lunas, secretária de mulheres da Contag, perguntou para as margaridas assim que a praça foi tomada, se alguém estava cansada... A resposta veio alta: Não!! “Nem  eu”, gritou ela de volta. “Nós marchamos sempre, essa é uma mostra da força de nossas mulheres, que vem de todos os pontos do Brasil para dizer que não suportam mais a forma como são tratadas”. Alessandra insistiu que as mulheres têm que ocupar os espaços de poder. “Somos 52% da população e queremos 52% dos assentos desse lugar”, referindo-se à Câmara dos Deputados. O recado para a sociedade é que “lutamos contra a redução da maioridade penal, pela manutenção dos royalties do petróleo destinados à educação e direitos iguais”.

E às margaridas, para que voltem aos seus municípios, batam à porta do prefeito e lembrem que  ano que vem tem eleição”! Como na mística de abertura apresentada ontem(11) no Mané, “tiramos a mordaça”, enfatizou a dirigente, afirmando que o país já superou a ditadura, que a marcha tem lado e está do lado da democracia e da voz ao povo brasileiro. “As margaridas seguem marchando”, provocou Alessandra. As mulheres responderam: “ Até que todas sejamos livres”!

Margaridas marcham por quê?

“Contagiante. Faz com que a gente se sinta orgulhosa de ser mulher.  A participação foi muito boa, não só em Brasília, mas em todos os debates temáticos que antecederam a marcha”, Alaíde Maraes, coordenadora de mulheres da Fetaemg/Sudeste.

“Ótima. Emocionante ver as companheiras marcharem por sua luta, não só das mulheres , mas também de suas famílias, por políticas públicas específicas. Quando vi a marcha, chorei. Ela é o resultado do trabalho de base”,  Sandra Lemes, coordenadora de mulheres da Fetaeg/Centro-Oeste.

“Temos que dizer não aos agrotóxicos. As Margaridas do Centro-oeste clamam pela produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos, porque isso está acabando com o nosso povo, principalmente nas populações do meio rural”, Juliana Pachuri Mendes, coordenadora de mulheres da Fetagri/Centro-Oeste.

“Maravilhosa! Só a Marcha das Margaridas robusta e empoderada representa a luta de mulheres lutando por democracia e igualdade. Temos que deixar esse país ser democrático. O Brasil precisa da agricultura familiar e da agroecologia para seu desenvolvimento. Sobre as mulheres nordestinas, elas são trabalhadoras e têm compromisso com a luta”, Luz Amaral, coordenadora de mulheres  da Fetapar/ Nordeste.

“A marcha foi um sucesso, as falas reproduziram a ansiedade dos problemas sentidos e vividos. As mulheres sabiam de sua tarefa em Brasília. Os três estados do sul mostraram integração e força graças ao trabalho e empenho  das três coordenadoras”, Inque Schneider, coordenadora de mulheres da Fetag/Sul.

“Está muito bom.  As mulheres estão felizes e dizem que querem voltar na próxima marcha. Só conquistamos direitos a partir da reivindicação”, Izabel de Oliveira, coordenadora da Fetagro/ Norte.
“É a primeira vez que venho na marcha e protestamos contra a lei 13.123 que trata da biodiversidade.  A história das quebradeiras de coco na relação com a indústria de cosméticos fala do patrimônio genético e conhecimento tradicional associado”, Maria Alaídes Souza, membro da MIQCB.

“Muito organizada, superou nossa  expectativa.  A mulher camponesa tem esse atributo de fazer a marcha e abrir seu caminho”, Aline Souza, da AMB.

“A marcha foi muito boa, com diversidade, as mulheres mostraram a sua pauta. Para as mulheres viabilizarem as suas demandas. Mulheres nacionais e internacionais marchando juntas. Precisamos fazer muitas marchas, Levo daqui a força e a garra das margaridas brasileiras, na sua auto-organização. A gente não pode esperar que alguém nos traga as soluções, a mulher tem que ir para a rua. Na África o processo é mais lento. O brasil é um grande país e não pode retroceder”, Graça Samo, da Marcha Mundial de Mulheres, Moçambique/África. 

FONTE: Assessoria de Comunicação Marcha das Margaridas - Izabel Rachelle

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