terça-feira, 17 de março de 2015

O papel do PT agora

O país acordou ontem (2ª feira, 16) sob o impacto das manifestações do domingo, amplamente convocadas durante todo o dia pela mídia de oposição e, de forma envergonhada, pelos partidos, a começar pelo PSDB. Envergonhada, sim, porque muitos participantes manifestavam repúdio a toda a classe política, a todos os partidos.
De maneira geral, as palavras de ordem das manifestações foram contra o governo Dilma e contra o PT e suas lideranças. Os manifestantes pediram a saída da presidenta da República e/ou seu impedimento. Os que foram às ruas se manifestaram contra a corrupção. Interessante, que na cruzada contra a corrupção, estivesse, à frente da manifestação na capital gaúcha, o PP, partido cuja bancada – e mais um suplente – no Rio Grande do Sul está toda sendo investigada na operação Lava-Jato.
Ainda sobre a contradição entre as manifestações e a bandeira contra a corrupção, em Brasília, o senador Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, desfilou entre os manifestantes, apesar de um empresário potiguar ter denunciado que ele teria recebido propina de R$ 1 milhão. Só para não deixar passar: muitos dos que têm conta bancária suspeita no HSBC na Suíça – escândalo Swissleaks – estavam nas rua ou aplaudiam na midia os protestos contra a corrupção.
O que se viu, pelas bandeiras e palavras de ordem mais frequentes na manifestação, é que os que protestam – a classe média alta e a classe média – não têm propostas e demandas a apresentar ao governo. Querem derrubar a presidenta.
Uma minoria, ainda bem, pedia a volta dos militares
Nos protestos do domingo, uma minoria pedia a volta dos militares. Uma minoria, ainda bem, que vem se mantendo ativa, o que muito nos preocupa. Ela expressa a posição de uma  parcela do eleitorado e da cidadania. Uma parcela estimulada ao longo do tempo pela mídia de direita e pela posição defensiva do governo e mesmo do PT.  Se a posição de enfrentamento fosse outra, certamente esses nazifascistas teriam se recolhido aos seus quintais.
Já nós, da esquerda, na manifestação da 6ª feira passada (13),  provamos que podemos e devemos também ocupar as ruas como sempre fizemos. Temos todas as condições e devemos fazer a disputa política. Temos a obrigação de mobilizar aqueles que reivindicam o legado de Lula e os avanços sociais e econômicos dos últimos 12 anos.
Mobilizar os que se opõem ao ajuste fiscal nas bases em que está sendo implantado e exigir medidas de taxação dos ricos e das altas rendas é, no mínimo, nossa obrigação. Temos de instituir no país um imposto progressivo de renda, sobre grandes fortunas, heranças e doações, sobre lucros e dividendos e sobre lucros extraordinários.
Temos que sustentar a posição histórica da esquerda e deixar claro não ser aceitável que os trabalhadores e os pequenos empresários paguem o preço do ajuste. E exigir uma reforma política já, que ponha fim ao domínio do dinheiro das doações empresariais nas eleições. Como, aliás, já decidiu a maioria do STF.
Nos Estados governados pelo PSDB os escândalos tucanos são engavetados
Defendemos a Petrobras e o modelo de partilha aprovado soberanamente pelo Congresso Nacional. E somos contra sua privatização. Nunca fomos passivos frente à corrupção. Ao contrário. Os governos Lula e Dilma têm assegurado a independência das investigações sobre corrupção na empresa e no país, diferentemente do passado. Nem todos seguem nossos princípios. Nos Estados governados pelo PSDB, então, os escândalos tucanos ficam nas gavetas, como assistimos no caso Siemens-Alstom em São Paulo, ou em relação à lista de Furnas, mais uma vez deixada de lado pela Justiça.
A mobilização do dia 13 convocada por entidades e personalidades da sociedade civil  prova que, sem pedir autorização para ninguém, podemos sair às ruas e defender a democracia e o legítimo resultado das eleições de 2014. Sem medo, e com uma plataforma objetiva de demandas para o governo Dilma.
Temos, como militantes petistas, que cumprir nosso papel. Temos que lutar por nossos objetivos, mas, acima de tudo, temos que defender o mandato legítimo e constitucional da presidenta da República. Por isso, temos que repudiar, com todas as nossas forças e em qualquer circunstância, as tentativas golpistas contra o mandato popular conferido a presidenta Dilma.
Ser contra o golpe da direita, não significa abrir mão de nossos direitos. Vamos defender a presidenta Dilma, mas vamos, ao mesmo tempo, nos organizar, para reduzir os impactos do ajuste fiscal sobre os trabalhadores. Os sacrifícios têm que ser divididos com as grandes fortunas, os ricos. Nossa tarefa exige organização e coesão. Vamos à luta.

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