quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Até o Papa vai abrir arquivos secretos do Vaticano! E nossas FFAA nada…

Até o Papa Francisco vai abrir os  arquivos secretos do Vaticano para ajudar nas investigações dos crimes cometidos pela última ditadura militar (1976-1983) em seu país natal, a Argentina!!! Só as nossas Forças Armadas (FFAA), então…

Para colaborar com as investigações judiciais sobre crimes cometidos pela ditadura, o Papa Francisco comunicou sua decisão de abrir os arquivos secretos da Igreja ao embaixador argentino no Vaticano, Juan Pablo Cafiero e à presidente da ONG Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, no recente encontro que manteve com ela em Roma.

A informação foi confirmada após o recente encontro entre o Papa e dona Estela.  Ela estava, aliás, acompanhada por seu neto, Ignácio Hurban, que graças às buscas  feitas pela avó durante mais de 30 anos,  recuperou sua verdadeira identidade em agosto passado – ele foi tomado de sua mãe assim que nasceu pelos militares que mataram seus pais e o deram em adoção.

Para prestar a ajuda, Papa reformula códigos do Vaticano

O Papa, inclusive, antecipou ao embaixador Juan Pablo Cafiero que para prestar essa colaboração baixou um decreto para que se procedam modificações nos códigos Penal e Processual do Estado do Vaticano. Ordenou, assim, uma reforma legal que permitirá à Justiça argentina solicitar informações dos arquivos secretos da Igreja.
“O Vaticano decidiu abrir seus arquivos quando existir um pedido judicial específico. São respostas que o Papa está dando”, contou o diplomata argentino. “Em vários artigos modificados (nos códigos do Vaticano) está prevista uma assistência especial à Justiça em casos humanitários. Portanto, diante de um pedido da Argentina será possível ter acesso às informações e à  documentação”, completou o diplomata.

Na Argentina, as Avós da Praça de Maio já tinham conseguido sinal verde para investigar os arquivos da Igreja Católica local, ante a suspeita de que muitos netos roubados foram entregues a outras famílias através de organizações católicas como o Movimento Familiar Cristão.

Mea culpa

“Pedimos ao Papa que desse instruções para que a Igreja argentina colaborasse com nossa busca e já nos enviaram alguns materiais”, revelou Estela Carlotto que, pela 1ª vez, admitiu ter se enganado sobre o passado do Papa Francisco. Quando o então cardeal de Buenos Aires, Bergoglio, foi nomeado sucessor do Papa Bento XVI, em março do ano passado, ela o acusou de ter sido parte da “Igreja que escureceu o país”.

Após visitar o Papa esta semana, Estela admitiu: “É verdade, não sentimos muita alegria com sua eleição… nunca tínhamos ouvido Bergoglio falar sobre os desaparecidos, nem as crianças que devíamos buscar”. Mas completou: “eram informações com má intenção. Na Argentina estamos construindo a História, não somos os donos da verdade, podemos nos enganar”.

Com a disposição do papa de colaborar, a Argentina dá mais um passo na busca da verdade em sua história sobre aquele período sombrio. Mais de 30 mil argentinos foram mortos ou desapareceram pela repressão dos militares. O Uruguai, o Chile e a maioria dos países do continente que sofreram ditaduras militares também já avançaram muito nesse processo.

Suas FFAA deram explicações e se desculparam à nação em alguns casos, as leis de anistia recíproca que adotaram já foram revistas. No Brasil, graças ao silêncio das FFAA sobre a ditadura aqui, e sua negativa em abrir os arquivos da repressão, o processo não avança. Seremos os últimos. Se é que algum dia se conseguirá que elas abram essa documentação e se desculpem perante os brasileiros por terem dado o golpe em 1964 e sustentado por 21 anos a ditadura.

Zé Dirceu via seu Blog

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