terça-feira, 12 de novembro de 2013

Olavo Ataíde: “O PT não trabalha para fazer parte de nenhum acordão”

Candidato a presidente do PT no RN nega que esteja trabalhando por um acordão com o PMDB para 2014

Segundo Olavo, há uma movimentação dos conservadores para que a aliança com o PMDB não se concretize. Foto: Divulgação

Alex Viana
Repórter de Política do Jornal de Hoje

Candidato a presidente do PT, Olavo Ataíde afirma que a legenda deve trabalhar para desmistificar a ideia de que articula novo acordão no Estado. Ligado politicamente à deputada federal Fátima Bezerra, ele aponta que o resultado do Processo de Eleição Direta (PED) poderá resultar na sua eleição, o que será divulgado hoje. Até o fechamento desta edição, seis municípios ainda não haviam enviado as atas com a votação para o diretório estadual do PT, o que levou a direção estadual da legenda a divulgar uma nota, justificando o não anúncio do resultado oficial. Até ontem, vencia o PED o atual presidente do PT, Eraldo Paiva. “Precisamos desmistificar a ideia de que nós estamos trabalhando no estado para ter um acordão. Não faz parte da história do PT ter participado ou trabalhado para fazer parte de nenhum acordão”, afirma Olavo Ataíde, em entrevista ao Jornal de Hoje. Ele rebate as declarações do presidente eleito do PT em Natal, Juliano Siqueira, contrárias a uma aliança do PT como o PMDB nos moldes propostos pela deputada federal Fátima Bezerra.

“É uma coisa estranha porque, quando os outros partidos se reúnem e fazem aliança com até 14 partidos, quando isso acontece, é entendimento político, aliança política. Mas, quando o PT trabalha a possibilidade de compor uma aliança ampla, com um conjunto grande de partidos, começam essas insinuações sobre história de acordão”, rebate Olavo. “Não existe nada de acordão. O que existe é que o PT tem uma posição definida no estado, votada na executiva estadual e ratificada. Temos uma posição da direção estadual devidamente combinada com a direção nacional, de que vamos trabalhar para unir a base da presidente Dilma no Estado. O PT vai dialogar com todos os partidos que compõem a base de Dilma no estado, no sentido de termos um palanque amplo para Dilma no estado”, afirma.

REAÇÃO

Segundo o candidato a presidente do PT, o que existe no estado é uma movimentação dos setores conservadores no sentido de que a aliança com o PMDB não se concretize. “Porque se teme essa aliança acontecer, e Fátima ser indicada senadora e virar a primeira senadora de esquerda do Estado. Essa campanha que está sendo feita, de forma pejorativa, é uma maneira de impedir que essa aliança saia, porque sabem que, se essa aliança for feita, nós temos condições de eleger a primeira senadora do RN. E eles sabem que Fátima fez história como deputada, imagine como senadora. Então vão mover todas as pedras, especialmente para que o palanque de Dilma não se uma no Estado”.

Instado a apontar os responsáveis por tal campanha, Olavo aponta o DEM e o PSDB, partidos adversários e setores da imprensa. “Evidentemente, o PSDB, o DEM, os partido adversários. Setores da imprensa que não conseguem assimilar que a política modernizou e chegou a hora de eleger uma senadora que não seja conservadora nem seja do poder econômico. O que puder ser feito para evitar que o palanque seja feito, vai ser feito. Por isso que tem essa campanha de acordão”.

Confrontado, entretanto, com o fato de que foi um próprio integrante do PT, eleito presidente do diretório municipal do partido em Natal, Juliano Siqueira, quem criticou o acordão, Olavo atacou o colega de partido, afirmando que ele não pode falar de acordão de 2008 por ser cristão-novo entre petistas. “A avaliação que Juliano tem sobre 2008 é de quem estava distante do processo, porque ele não acompanhou aquele, era de outro partido, não sabe como aconteceu entre nós”, rebateu Olavo, explicando que em 2008, houve ampla aliança, costurada faltando pouco tempo para as eleições. “Não é a primeira vez que os partidos se entendem assim, em cima da hora. Mas como era para beneficiar o PT, foi trabalhado o acordão. Adversários trabalharam corretamente, criaram climas de que tinha um acordão para derrotar a candidata. E como precisavam apresentar uma coitadinha como uma pessoa do povo, eles fizeram campanha nessa linha do acordão. Foi vitoriosa para Micarla, mas não deu resultado para Natal”, declarou o candidato a dirigente petista. “O que não dá é um petista fazer esse tipo de afirmação (de que há acordão). A oposição tudo bem que não quer que o PT cresça. Agora, não dá para um petista fazer esse tipo de afirmação”, repetiu, admitindo que a crítica do acordão nasceu da própria cozinha do PT.

Para 2014, Olavo Ataíde nega que esteja em formação um, novo acordão. “Até porque nós nem iniciamos as conversas com os partidos. Ninguém vai costurar uma aliança por fora no PT, no PT não existe isso. É um desserviço, se algum petista deixar dúvida que acontece isso… Nós resolvemos tudo nos nossos encontros. Nunca resolvemos alguma coisa que não fosse da vontade da maioria. E sobre a posição atual, tem consenso, uma resolução de dezembro e outra agora de 28 de julho, que a direção vai dialogar com todos os partidos da base de Dilma. Se alguém interpreta que isso é acordão, esse companheiro não está entendendo as resoluções do partido”, avaliou. Ainda segundo Olavo, “partido nenhuma ganha eleição se isolando. Temos condições de fazer um palanque amplo, eleger nossa senadora. Não vamos tomar o caminho do isolamento. Não existe história de acordão”.



Candidato nega ajuda a reeleição do DEM



O presidenciável do PT Olavo Ataíde reitera que o PT não participará de alianças políticas que visem a salvar mandatos de quem quer que seja, muito menos de políticos de partidos adversários, como o DEM, do senador José Agripino Maia e principal adversário do PT em nível nacional. “Outra coisa que está fora: não participaremos de alianças que visem fortalecer e ou salvar mandato de quem quer que seja – muito menos do DEM. Essa aliança que vamos fazer é uma aliança para derrotar o consórcio que governava o Brasil antes de nós chegarmos ao poder, o consórcio demo-tucano”.

Ele afirmou não se tratar de radicalismo ou questão de ordem particular. “Nãoi é arrogância, nem temos problema pessoal com o DEM, mas incompatibilidade de projetos. O DEM faz oposição ao governo desde o primeiro dia do mandato de Lula, e nunca arredou, e num primeiro momento fez oposição desleal e raivosa para destruir o nosso projeto”.

Além disso, segundo Olavo, o DEM está deixando um legado terrível de tragédia no Estado, com o mandato de Rosalba Ciarlini. “Como o PT poderia participar de uma aliança política que um dos objetivos é salvar mandato de deputado federal do DEM? Jamais estaremos numa aliança desse tipo. Nosso projeto é com os partidos que apoiam a reeleição Dilma. Nossa conversa é para derrotar o DEM. O DEM tem que se entender com o PPS, com o PSDB”.

E se a aliança for proporcional? “Não existe aliança na proporcional. Para ter aliança na proporcional os partidos têm que estar juntos na majoritária. O que pode acontecer é ter aliança com 10 partidos, e, destes, três se aliarem para estadual, outros para federal. Mas, para ter em separado, é preciso que todos estejam juntos na aliança majoritária. E não tem como pensar numa aliança com o DEM na proporcional, sem pensar na majoritária. Assim, o DEM não vai estar na majoritária com o PT de jeito nenhum. Se o DEM vem fazendo mal ao Brasil e fez mal agora mal ao RN com Rosalba, porque que nós da base de Dilma temos que ter entendimento com o DEM? É fora de propósito. O DEM tem que pagar o preço da desgraça que fez ao Estado. Se o preço for ficar sem deputado federal, paciência”.



Seis cidades ainda não enviaram resultados das eleições para o Diretério Estadual do PT

O PT divulgou uma nota sobre o resultado do PED 2013, explicando os motivos do atraso na divulgação do resultado. De acordo com a Comissão de Organização Eleitoral, o resultado não foi concluído e divulgado devido ao não recebimento, pelo Diretório Estadual, da documentação oficial do pleito em seis cidades do estado.
Os municípios que ainda não enviaram ao PT as atas com as votações são Governador Dix-Sept Rosado, Pedro Avelino, Pedro Velho, Santa Maria, São Pedro e Serra Caiada. De acordo com o regimento do PED o prazo final para o envio da documentação é hoje, dia 12 de novembro.

Com isso, o PT deverá anunciar apenas na tarde desta terça-feira o resultado do Processo de Eleição Direta (PED) para escolha do presidente do diretório estadual do partido. Até o final da manhã de hoje, o partido ainda contabilizava o placar de ontem, com vitória do atual presidente, Eraldo Paiva, apoiado pelo grupo do deputado estadual Fernando Mineiro (PT) e dos vereadores Hugo Manso (PT) e Fernando Lucena (PT).

Levantamento extraoficial do grupo da deputada federal Fátima Bezerra (PT) aponta para a vitória de Olavo Ataíde, candidato apoiado por ela, no PED estadual do PT. O PT deve anunciar na tarde desta quarta-feira o resultado oficial do PED 2013.

“O que existe é um levantamento extraoficial dando conta de que eu ganhei a eleição. Mas isso não é ainda um resultado oficial, porque só teremos ao final quando chegarem todas as atas ao PT estadual. Por isso não me coloco como presidente eleito”, disse Olavo Ataíde.

Pelos cálculos extraoficiais, Olavo Ataíde teria tido 2.015 votos, contra 1.985 de Eraldo Paiva.

CANDIDATURA PRÓPRIA

O candidato a presidente do PT Olavo Ataíde diz que a prioridade do PT será construir uma ampla aliança reunindo os partidos da base de Dilma no Rio Grande do Norte, indicando a deputada federal Fátima Bezerra para o Senado, mantendo a vaga dela na Câmara dos Deputados e ampliando o número de representantes na Assembleia Legislativa. Entretanto, se essas conversas não evoluírem o partido não descarta lançar candidato próprio a governador do Estado.

“Nossa prioridade é construir uma aliança ampla, indicar a deputada Fátima como nossa candidata para o Senado numa chapa ampla. Mas, se essas conversas não evoluírem, não derem certo, o PT nunca teve medo, não será dessa vez que terá: vamos lançar candidatura própria ao governo do estado. Evidente que vamos conversar com quem queira conversar com o PT. Nesse momento, não descartamos, mas, nossa prioridade é construir um palanque amplo, consensual, e foi isso que decidimos. Mas não descartamos a possibilidade de candidatura própria a governador”, avaliou.

Segundo Olavo, há condições de haver aliança com o PMDB e outros partidos, mas as conversas podem não evoluir. “Tem outros partidos. Como vamos dialogar com todos os partidos, se por acaso as conversas não evoluírem, a gente sentir durante as conversas quem poderia marchar conosco. Não podemos dizer, mas temos afinidade com PC do B, PDT, mais próxima, por conta da nossa história. Mas isso o processo quem diria”.

Quanto aos nomes, Olavo destaque que havia o do deputado estadual Fernando Mineiro (PT), mas este oficializou que não será mais candidato. “Certamente nós iríamos discutir outros nomes, ou se o deputado Mineiro revisse a posição, mas ele postou dizendo que é irrevogável. Certamente temos outros nomes que podem compor. O vereador Hugo Manso, o ex-prefeito Salomão Gurgel, o professor Josivan Barbosa, de Mossoró. O nome do vereador Fernando Lucena. Temos vários nomes que poderiam ser candidatos a governador pelo PT, se esse nosso objetivo de construir uma aliança mais ampla não prosperar”.

Olavo é firme e contrário a uma candidatura de Fátima Bezerra ao governo do Estado. “Não, a deputada Fátima é candidata ao Senado. Ela não disponibiliza o nome dela para o governo. Essa é uma discussão (Fátima para o Senado) que se aparecer será novidade no processo. Ela trabalha o nome dela para ser candidata ao Senado”.
Haveria chance de Fátima mudar de ideia e concorrer ao governo? “Ai é uma decisão de caráter dela, pessoal. Ela acha que tem contribuição a dar ao estado na condição de senadora, acumulou experiência no Congresso, tem contribuição a dar como congressista. Convivo com ela e nunca a vi disponibilizar o nome para o governo. E eventualmente ela é lembrada, mas o posicionamento pessoal dela nunca mudou”.

Fonte: Jornal de Hoje

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