sábado, 27 de outubro de 2012

Eleições 2012 e o mau uso da religiosidade


Lamentavelmente, assim como em 2010, a religiosidade tem se tornado um dos eixos da campanha eleitoral, principalmente em sua vertente fundamentalista.

Sem propostas e sem projeto político alternativo, o candidato Hermano Morais percebeu que poderia chegar ao povo apelando para temas emocionais que afetam a sensibilidade popular como a religiosidade, o aborto e a homoafetividade. Esses temas exigem ampla discussão na sociedade, fora de interesses eleitorais.

As instituições religiosas possuem poder e peso social que surgem através da religiosidade das pessoas. Esse peso pode ser usado para fomentar a luta por políticas públicas para a população que mais precisa ou para evitar a discussão desses temas.

Em nome da fé cristã, muitos grupos têm criado obstáculos ao voto livre e consciente. Os eleitores tem o direito de optar pela candidatura a prefeito que suas consciências lhe indicarem, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios de promoção e defesa da dignidade humana e a luta pela liberdade religiosa.

Os líderes religiosos podem propor determinados comportamentos aos seus fiéis. Podem também propor á sociedade a discussão de seus ideais morais. Porém, em um Estado que não teocrático e sim laico, jamais esses princípios e valores podem ser impostos a toda a sociedade. Nem muito menos dizer que este ou aquele candidato irá impor esses princípios.

A bandeira da moral quando se torna uma bandeira da política quase sempre funciona para camuflar interesses que não querem se explicitar. No caso de Hermano Morais, o que ele tenta é esconder que sua candidatura representa os interesses dos conservadores que apoiaram a eleição de Micarla em 2008 e apoiam o desastroso governo de Rosalba.

Felizmente, uma parcela significativa de evangélicos e católicos não se deixa manipular por interesses obscuros. Esses setores querem propostas que solucionem os problemas que afetam nossa cidade. Essa parcela não vota em Hermano, candidato que lamentavelmente tenta suscitar, através do mau uso político da religiosidade, ódios e difamações que vão contra a natureza da própria religião.

De José Gilderlei Soares  - professor e militante do Partido dos Trabalhadores - PT no RN. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário