sexta-feira, 10 de agosto de 2012

‘Meu cliente não é quadrilheiro’, diz advogado de Dirceu



Advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Oliveira Lima afirmou nesta segunda-feira (6) aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que o Ministério Público Federal fracassou e não conseguiu comprovar que seu cliente foi o chefe da quadrilha e principal protagonista do mensalão.

“Meu cliente não é quadrilheiro, não é chefe de quadrilha e quem diz isso são os autos”, afirmou o advogado, que abriu a fase da defesa dos réus durante o julgamento do mensalão no Supremo. Ele tem uma hora para apresentar seus argumentos no plenário do tribunal. 

Segundo Lima, não há provas de que o petista atuou para favorecer o banco BMG em operações de crédito consignado, coibiu ações de órgãos de controle sobre lavagem de dinheiro, que não houve nenhum sistema de compra de votos de partidos e políticos aliados ao governo Lula.

Outra alegação é que não provas de seu envolvimento com o publicitário Marcos Valério, considerado o operador do esquema.

Dirceu é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. “Não há nenhuma prova, documento, circunstância que incrimine José Dirceu. Ao contrário do Ministério Público, que se apoiou em provas extraordinárias, em depoimento de uma CPI tumultuada, artigos de colunistas, que buscou inspiração em Chico Buarque de Holanda, nós falamos da Carta Magna”.

A defesa sustentou que ao assumir a Casa Civil em 2003, Dirceu se afastou da “vida do partido”. Não é verdade que existiu a compra de votos. Não é verdade que Dirceu procurou base aliada e ofereceu dinheiro para votar com o governo. Não existe prova”, disse.

“O governo perdeu as maiores votações quando houve os maiores saques. No período que o govenro teve as maiores vitórias, foram os menores saques. Qual a lógica??”, questionou.

E atacou a denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. ” O MP apresenta frases de efeitos e diz que a condenação vai servir de exemplo. Como vai servir de exemplo com uma contradição de não ter provas? Não serve”, disse.

Ele negou proximidade de seu cliente com Valério. Na semana passada, Gurgel afirmou que o mensalão ocorreu entre as quatro paredes da Casa Civil e por isso a dificuldade de provas periciais da atuação de Dirceu.

“A Casa Civil recebe empresários, chefes de instituições financeiras, assim como demonstramos como era feita a agenda. O fato de receber não caracteriza conduta delituosa e o fato de Marcos Valério ter participado [ de reunião na Casa Civil] não quer dizer que ele tenha compromisso com essa pessoas”, disse.

Lima rebateu a principal tese do Ministério Público de que haveria provas testemunhas contra Dirceu, como depoimento de Valério sustentando que o ex-ministro era consultado sobre tudo.

“A prova testemunhal e no sentido da absolvição de Dirceu. Todos os testemunhos desmentem o Ministério Público”, afirmou.

Ele citou declarações à Justiça dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Paulo Bernardo (Comunicações) de que Dirceu não tinha mais atuação direta no comando do partido.

“Se não [for verdade], precisam ser processados por falso testemunho”.

Lima defendeu um julgamento técnico e destacou que não iria lançar mão do currículo de Dirceu a favor do país por conta disso. “Ele tem folha de serviços prestados ao país, não tem folha corrida”.

Ele ainda provocou Gurgel afirmando que pedir a condenação do ex-ministro “é o mais atrevido e escandaloso ataque à Constituição Federal”. O procurador-geral classificou o mensalão de mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção já visto no país.

Conversa Afiada com Paulo Henrique Amorim 

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